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OS FATOS

Assombrados pela autoconsciência

por Leonardo Marius
29/05/2012 - Um "Happening" organizado na Venezuela recoloca a fome e sede do homem pela verdadeira Beleza

O juízo de Julian Carrón sobre o ponto central que nos constitui, isto é, a presença de Deus amada, reconhecida e acolhida gera uma autoconsciência, um sujeito novo capaz de viver em comunhão e avaliar todos os aspectos da realidade foi o que vimos na realização do “Happening” deste ano em Caracas, na Venezuela.

Verificando juntos sobre o que apostar, decidimos focar no título: "Só o estupor me faz conhecer" (frase de Gregório de Nissa do século IV), porque reconhecemos que a origemde da pessoa, a sua coerência e doce sustento, como diz María Zambrano, é a realidade, o que ela introduz e gera no homem. A razão só conhece verdadeiramente quando está impregnada de uma atração profunda, irresistível, e esta é a primeira constatação da razão: a profunda correspondênia entre o coração do homem e a realidade porque só neste vínculo está a possibiliade de conhecer verdadeiramente pois se revela um Tu que é a consistência última da pessoa, sua identidade e a possibilidade de uma vida nova e plena.

Fazer esse juízo juntos foi uma oportunidade de nos surpreendermos, descobrindo uma nova frente da realidade, fazendo desse gesto uma oportunidade de nos jogar pessoalmente em cada relacionamento com as pessoas encontradas, sejam oradores, amigos, professores da faculdade, voluntários, universitários ou membros da Companhia das Obras (CdO). O “Happening” foi um gesto cheio do esplendor da Beleza, porque nele convergiram sujeitos novos necessitados desta Beleza e mendicantes de plenitude.

No pré “Happening” , onde dedicamos uma semana às inscrições dos voluntários da universidade, muitas circunstâncias provocaram nossa liberdade para dar as razões do que fazíamos e sobre tudo o que somos. Desde o primeiro dia fomos provocados por Laureano Márquez com suas perguntas desafiadoras: “O que aconteceu com a nossa capacidade de maravilhamento?” “Por que percebemos a realidade como estranha e distante e então experimentamos uma grande insatisfação?”

Também na terça-feira, a irmã Pari, uma religiosa de mais de 80 anos de serviço à Igreja em vários países pobres do mundo, nos contou que agora compreende que a origem de sua entrega é escutar o coração de cada pessoa que vem ao seu encontro, de olhar em seus olhos e colocar-se em seu lugar para reconhecer suas necessidades e que maravilha isso gera nela.

Ou ouvir os políticos que partem das necessidade das pessoas, não de uma ideologia, reconhecendo em sua vocação o fascínio pela capacidade de serviço. Um cientistas afirmou que seu estupor é como o das crianças: uma possibilidade real de serem verdadeiros profissionais afirmando que a Beleza é o melhor guia para ligar o micro e o macrocosmo.

O “Happening” deste ano foi um lugar cheio da “Beleza, a grande necessidade do homem". Este também foi o título da exposição sobre a Sagrada Família de Gaudí a partir de uma citação do Papa, onde todos que estavam sob a orientação de Leticia, mesmo os anti-religiosos, foram cativados pela beleza.

Recebemos a visita de Diego Giordani que a partir de Barcelona, na Espanha, nos ajudou a ir mais fundo na compreensão dessa beleza que Gaudí nos propõe, como origem da edificação da pessoa e da sociedade. Tudo isso por meio dos encontros geniais com membros da CdO intitulado: "Se os homens não constroem, o que eles vão viver?" Na reunião final do “Happening” todos ficaram atraídos por sua experiência e seu juízo, fruto do pertencer à mesma história, ao mesmo carisma, em conexão com o povo que construiu e está construindo a obra de Gaudí.

Tudo no "Happening" falou desta beleza e desta necessidade. Todos que vieram nestes dias encontraram essa Beleza na exposição, nos encontros, nos voluntários que se educaram em uma ordem, uma responsabilidade e faziam aquele gesto para o infinito e para todos aqueles que estavam alí frente aos colegas, dando as razões do que nos sustenta e constitui.

Agora para mim fica mais claro o que é a autoconsciência e o que nasce da compreensão da fé vivendo a comunhão viva no ambiente, não como um instrumento de poder, mas como serviço à pessoa, à Igreja, como tão claramente compreeendeu e viveu Antoni Gaudi e Giussani, e que agora nos coloca Julian Carrón. Um juízo claro frente o nosso coração, de modo que reconheçamos em nós mesmos que temos necessidade dessa Beleza. "Se me cativa agora, é porque é verdade, e se é verdade é porque é para mim ", como um estudante universitário disse na exposição.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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