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OS FATOS

“Como vocês fazem para transmitir a fé?”

por Davide Ori
18/07/2012 - Um confronto direto sobre a experiência que se vive na escola e com os filhos. Dois dias de convivência e trabalho entre um grupo de ortodoxos vindos da Rússia e alguns professores e pais católicos na Itália. Para aprender a educar “um sujeito cristão”
Um momento de trabalho em Seriate.
Um momento de trabalho em Seriate.

Foi um novo passo em uma história de amizade já rica, que começou há dois anos. Que passou pela associação entre a escola paritária La Traccia, de Bergamo, e um colégio de Kemerovo, a sudoeste da Sibéria; depois pela associação entre a Orsoline, de Como, e o ginásio de San Ticon, em Moscou. E, há alguns meses, por meio dos laços nascidos entre os estudantes da Universidade Católica de Milão e da Universidade Ortodoxa San Tichon. Até chegar a esta última visita. De Moscou e Kemerovo uma dezena de pessoas chegaram à Itália para junto com os italianos, em um total de trinta pessoas, participaram de um encontro sobre “Os Desafios da Educação”. Dois dias (28 e 29 de junho) na sede da Rússia Cristã, em Seriate. Professores e alunos, católicos e ortodoxos. O tema era direto: “Como educar um sujeito cristão em famílias e escolas cristãs? Como podemos transmitir a fé aos nossos filhos? Na nossa experiência, vemos resultados positivos ou negativos?”. Em uma série de encontros foram enfocados os aspectos mais patentes: os relacionamentos dentro da família, na escola, as disciplinas como instrumento de transmissão da fé, a educação sexual, e ainda, a internet, o relacionamento com a política, o esporte, a vida das famílias numerosas.


Para os hóspedes russos, o tema educativo é mais do que quente, porque a experiência em família e na escola carrega todas as consequências de oitenta anos de regime comunista. Isso ficou evidente, por exemplo, nas palavras de padre Georgij Orechanov, vice-reitor da Universidade San Tichon e pai de quatro filhos, ou nas de padre Ivan Vorob’ev (vice-reitor de uma escola ortodoxa de Moscou) e Andrei Posternak (diretor da mesma escola) que fizeram duas palestras sobre o valor da família e da educação na escola ortodoxa: “Evidenciaram uma dificuldade”, conta Franco Nembrini, diretor da escola La Traccia: “É preciso apostar na liberdade. Durante muito tempo foram educados de maneira prescrita. Também por isso, são muito curiosos e querem conhecer a vida nas nossas escolas, nas nossas famílias”.
Agora a legislação russa prevê a possibilidade de que a Igreja Ortodoxa dirija escolas privadas e tenham uma hora de aula de religião. Então, o debate se concentrou sobre quais são os critérios para formar os professores, e quais usar para escolher o que ensinar naquela hora de religião. Mas, ainda antes disso: como educar os próprios filhos? O próprio padre Orechanov insistiu muito sobre o relacionamento com os filhos e a palestra de Nembrini desenvolveu o tema da convivência em família, mais do que entre professores e alunos. Um tema aprofundado, depois, por Stefano Alberto, professor de Teologia na Universidade Católica, que falou da relação entre educação e liberdade.


Nos vários debates não foi colocado em tema o “ecumenismo”, mas a comum sensibilidade pela educação, a necessidade de conhecer os passos a serem feitos através de uma troca de experiências. “Para mim, tudo nasceu quando conheci padre Sergij”, conta Nembrini: “Ele foi enviado à Itália por seu Bispo depois da abertura de uma escola ortodoxa em Kemerovo, para procurar alguém que pudesse ajudá-lo naquela aventura”. A partir daí, a história continuou até os dois dias em Seriate, onde o diálogo não se limitou aos momentos de encontro, mas nunca mais parou. Começava no café da manhã, continuava nos almoços e jantares e durante os intervalos. “Cada um deu aquilo que tem e, assim, vivemos profundamente a fé em Cristo, que permite um encontro tão extraordinário”, conclui Nembrini.
Na última noite, houve a apresentação do coral dos Universitários da Católica, que já tinha sido recebido pela universidade moscovita. Das Laudes Filipinas à polifonia de Palestrina e de Aichinger, passando pela tradição popular italiana: uma homenagem aos amigos vindos da Rússia. Para os quais, como conta Elena Mazzola, professora de literatura italiana na San Tichon, a percepção foi a mesma: “Vivemos uma nova ocasião que ajudou a todos nós ver o milagre da Sua presença”.

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