Foi um novo passo em uma história de amizade já rica, que começou há dois anos. Que passou pela associação entre a escola paritária La Traccia, de Bergamo, e um colégio de Kemerovo, a sudoeste da Sibéria; depois pela associação entre a Orsoline, de Como, e o ginásio de San Ticon, em Moscou. E, há alguns meses, por meio dos laços nascidos entre os estudantes da Universidade Católica de Milão e da Universidade Ortodoxa San Tichon. Até chegar a esta última visita. De Moscou e Kemerovo uma dezena de pessoas chegaram à Itália para junto com os italianos, em um total de trinta pessoas, participaram de um encontro sobre “Os Desafios da Educação”. Dois dias (28 e 29 de junho) na sede da Rússia Cristã, em Seriate. Professores e alunos, católicos e ortodoxos. O tema era direto: “Como educar um sujeito cristão em famílias e escolas cristãs? Como podemos transmitir a fé aos nossos filhos? Na nossa experiência, vemos resultados positivos ou negativos?”. Em uma série de encontros foram enfocados os aspectos mais patentes: os relacionamentos dentro da família, na escola, as disciplinas como instrumento de transmissão da fé, a educação sexual, e ainda, a internet, o relacionamento com a política, o esporte, a vida das famílias numerosas.
Para os hóspedes russos, o tema educativo é mais do que quente, porque a experiência em família e na escola carrega todas as consequências de oitenta anos de regime comunista. Isso ficou evidente, por exemplo, nas palavras de padre Georgij Orechanov, vice-reitor da Universidade San Tichon e pai de quatro filhos, ou nas de padre Ivan Vorob’ev (vice-reitor de uma escola ortodoxa de Moscou) e Andrei Posternak (diretor da mesma escola) que fizeram duas palestras sobre o valor da família e da educação na escola ortodoxa: “Evidenciaram uma dificuldade”, conta Franco Nembrini, diretor da escola La Traccia: “É preciso apostar na liberdade. Durante muito tempo foram educados de maneira prescrita. Também por isso, são muito curiosos e querem conhecer a vida nas nossas escolas, nas nossas famílias”.
Agora a legislação russa prevê a possibilidade de que a Igreja Ortodoxa dirija escolas privadas e tenham uma hora de aula de religião. Então, o debate se concentrou sobre quais são os critérios para formar os professores, e quais usar para escolher o que ensinar naquela hora de religião. Mas, ainda antes disso: como educar os próprios filhos? O próprio padre Orechanov insistiu muito sobre o relacionamento com os filhos e a palestra de Nembrini desenvolveu o tema da convivência em família, mais do que entre professores e alunos. Um tema aprofundado, depois, por Stefano Alberto, professor de Teologia na Universidade Católica, que falou da relação entre educação e liberdade.
Nos vários debates não foi colocado em tema o “ecumenismo”, mas a comum sensibilidade pela educação, a necessidade de conhecer os passos a serem feitos através de uma troca de experiências. “Para mim, tudo nasceu quando conheci padre Sergij”, conta Nembrini: “Ele foi enviado à Itália por seu Bispo depois da abertura de uma escola ortodoxa em Kemerovo, para procurar alguém que pudesse ajudá-lo naquela aventura”. A partir daí, a história continuou até os dois dias em Seriate, onde o diálogo não se limitou aos momentos de encontro, mas nunca mais parou. Começava no café da manhã, continuava nos almoços e jantares e durante os intervalos. “Cada um deu aquilo que tem e, assim, vivemos profundamente a fé em Cristo, que permite um encontro tão extraordinário”, conclui Nembrini.
Na última noite, houve a apresentação do coral dos Universitários da Católica, que já tinha sido recebido pela universidade moscovita. Das Laudes Filipinas à polifonia de Palestrina e de Aichinger, passando pela tradição popular italiana: uma homenagem aos amigos vindos da Rússia. Para os quais, como conta Elena Mazzola, professora de literatura italiana na San Tichon, a percepção foi a mesma: “Vivemos uma nova ocasião que ajudou a todos nós ver o milagre da Sua presença”.
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