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OS FATOS

Rio promove encontro sobre "Na Origem da Pretensão Cristã"

por Rita Rocha
24/07/2012 - Os participantes foram convidados a responder a pergunta proposta por Dostoievski sobre a divindade de Cristo

“Um homem culto dos nossos dias, pode acreditar, crer de verdade, na divindade do filho de Deus, Jesus Cristo?” (F.M.Dostoievski)

No último dia 26 de junho, a comunidade do Rio de Janeiro realizou um encontro sobre o livro Na Origem da Pretensão Cristã, de Dom Luigi Giussani, convidando os participantes da mesa a responder à pergunta proposta por Dostoiévski hoje.
Em determinado momento histórico, um homem, Jesus de Nazaré, não apenas revelou o mistério de Deus, mas identificou-Se a si mesmo com o divino, um acontecimento que se deu para João e André e que acontece para nós hoje, que se impôs à atenção dos homens, comunicou o mistério de Sua pessoa.

Dom Paulo Cesar Costa, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro; Prof. Luiz Paulo Horta, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras, Academia Brasileira de Artes e Academia Brasileira de Música, Prof. Maria Cecília Almeida e Silva, diretora do Instituto Superior de Educação Pró-Saber e Marco Montrasi, responsável nacional do Movimento Comunhão e Libertação.

Em suas colocações, os participantes da mesa responderam ao desafio que essa pergunta nos coloca hoje, e de como essa Presença é algo que eu mais espero, algo que eu posso ver e tocar, como o foi para João e André, e que o encontro com essa presença introduziu uma novidade no mundo e na nossa vida: “um instante de eternidade, que enche de certeza toda a nossa vida”, como pontuou a professora Maria Cecília.

Abaixo alguns pontos colocados pelos convidados, a partir da própria experiência:

Dom Paulo Cesar Costa: Expresso a alegria do convite e do valor do carisma de Dom Gius para a Igreja hoje. Dom Paulo ressalta que a novidade do Cristianismo está no fato que Deus que vem ao encontro do homem. Aqui está o elemento novo do Cristianismo. O ser humano traz em si esse desejo de algo mais. A revelação cristã não é simplesmente uma busca do homem, é Deus que vem ao encontro do homem. Historicamente, o homem buscar compreender o nexo entre a própria efemeridade e o eterno. É Deus que se dá a conhecer hoje, como no encontro com os primeiros discípulos. Na historicidade dos evangelhos vemos como Deus vem ao encontro do homem e responde. Uma excepcionalidade de certeza. O caminho da certeza. A excepcionalidade do fato do encontro com Cristo. A beleza da figura de Jesus. A beleza daquele do qual nós encontramos também hoje, Jesus de Nazaré. O fascínio que a figura de Jesus causava naqueles primeiros apóstolos, que é possível para nós hoje. A pedagogia de Cristo: ao revelar-se ele o fez lentamente. O comportamento daquele homem era de tal modo, que quanto mais o seguiam e ficavam na sua companhia, mais ficavam fascinados, até um ponto em que a pergunta explodiu: quem é esse? Como Ele faz para ser assim? O encontro com Cristo é algo que fascina a nossa vida hoje, pois vem responder ao desejo do nosso coração. Algo que fascina a nossa caminhada hoje. Que faz o nosso olhar brilhar, pois é algo que responde ao nosso anseio hoje.

A religiosidade cristã não surge de um gosto filosófico, mas da relação de Jesus com o Pai, como a única possibilidade de salvaguardar o homem. A escolha do homem é conceber-se livre de todo o universo e dependente só de Cristo. Isso é a verdadeira liberdade. A verdadeira liberdade como a concebia também Santo Agostinho.

O ser humano traz no seu coração esse desejo de Deus, pela sua própria constituição, o ser humano é anseio de Deus: desejo de beleza, de verdade, de ser amado, de justiça, de verdade. Só Cristo pode preencher o coração humano. É um fato que se deu, uma pessoa que se encarnou na história, É um fato que se deu na história, que fascinou os primeiros discípulos e continua fascinando o coração do homem hoje.

Luiz Paulo Horta ressalta a inteligência dos indícios no reconhecimento do Mistério, daquilo que nos faz e da ternura do Mistério pela nossa liberdade.

Luiz Paulo Horta: Nós fomos escolhidos. Fizemos o encontro com Cristo. O Mistério se revela na realidade. Eu ando e vejo a maravilha da realidade, de uma flor. São sinais do Mistério. O que vemos à nossa volta, a natureza, a arte, a música são sinais desse Mistério. Algo que escapa completamente à nossa compreensão. Nessa beleza nós podemos ter o primeiro impacto com o Divino, com essa presença.

Nossa civilização perdeu esse sentido ao exaltar o racionalismo. Essa aspiração religiosa natural se perdeu com essa civilização racionalista. A revelação progressiva do Mistério e os indícios. Somos um povo escolhido. Pertencemos a esse povo. Me fascina a revelação progressiva de Cristo, o amor pela nossa liberdade. Para mim esse é o aspecto terno dessa divindade. Quis falar de dentro da vida. Fala ao coração do homem. “Quem é esse homem, que até o vento e o mar obedecem?”

A professora Maria Cecília agradeceu pelo percurso que fez ao ler Dom Giussani, e pela possibilidade de se reencontrar com a fé da sua juventude. Ela fala do encontro com Cristo, do encontro com uma presença encontrável, e do instante de eternidade: “Esse instante me dá o fundamento, a certeza para viver tudo”.
Maria Cecília: O acontecimento de um fato. Um acontecimento no tempo. Um fato anunciado, esperado por cada homem. A necessidade do homem, a minha necessidade hoje. Uma falta que eu tenho, uma busca que eu vivo. Eu preciso dessa resposta. Um ser que se maravilha com o Mistério, e que busca um sentido. O acontecimento como resposta a esse anseio. Uma resposta de amor, de sentido. Esse sentido é Amor. Esse Amor se encarnou e tornou a pessoa de Deus acessível no meio de nós. Esse fato que se deu na história é algo que eu encontro, é um reconhecimento. Algo que eu encontro, como um amigo. O Amor se fez carne e habita entre nós. O nascimento e a morte de Cristo – caminho para Deus. Cristo é essa via aberta para Deus. Cristo como uma pessoa que eu encontro e que fala comigo. Deus está conosco. Ele está conosco e se revela. Ele nos ama e nós somos convidados a responder a esse amor. Esse instante de eternidade que eu vivo. Esse instante me dá o fundamento, a certeza para viver tudo.

Marco Montrasi fala da experiência do encontro, de um olhar, como para João e André e que começa a perceber que o relacionamento com essa presença é coisa mais querida, mais desejada.

Marco Montrasi: Essa é a tentativa de definir a origem da fé dos apóstolos. Eu me perguntei: qual foi a origem da minha fé? Na minha experiência na universidade. Aquilo que estava acontecendo em mim era a mesma coisa que estava escrita nos evangelhos.
Eu ouvi falar de João e André através de Dom Giussani. Cruzando aqueles instantes de olhar. Um presente. Isso é vibrante no meu presente, não era uma viagem ao passado. Algo real que está acontecendo na minha vida. Não é um esforço, como na caminhada no escuro. O que aconteceu é encontrar um momento de verdade. Aquilo que aconteceu é como uma surpresa. Aconteceu um momento de verdade. É como um grito. Esse mais. Depois desse encontro, desses instantes de eternidade, muitas vezes parece que tudo é passageiro, que é um sonho, e que isso que aconteceu não tem a capacidade de mudar a minha vida. Mas esse mais se impõe. Esse momento de verdade, essa surpresa suscita em você essa vibração. Não só no início. Acontece agora, muda a minha vida agora. É verdadeiro para mim.
Tudo aquilo que tem a ver com o meu humano. Dom Giuss diz que não podemos nos dar conta do que seja Jesus Cristo se o homem não se dá conta daquilo que ele é. “Cristo se propõe como resposta àquilo que eu sou.” Não pode vibrar o meu coração por Cristo se não implica toda a minha humanidade.
Eu preciso de alguém que me ajude a descobrir esse meu eu. Muitas vezes o meu eu está cheio de coisas que eu não quero olhar. Mas aconteceu algo. Alguém me olhou. A minha humanidade começou a se mexer. Alguém me olhou com uma ternura.
O que pretende Cristo? É preciso ser livre com toda a minha humanidade. Ele precisa de toda a minha humanidade, não somente de um pedaço. Existe uma Presença que pode salvar tudo de mim. Eu posso ser eu mesmo. Também naquilo que muitas vezes pode me derrotar. Principalmente o que me incomoda, é algo que me liga ao Mistério, me ajuda a descobrir quem Ele é. Mas sem a minha humanidade é impossível.
Um acontecimento, um fato. Acolhendo isso, Ele mudou a minha vida muitas vezes. Dom Gius chama de uma reviravolta. Que magnetiza tudo de mim. Aquilo que acontece com Cristo é como a experiência de me apaixonar. Aquilo que acontece com Cristo- algo que muda tudo. O que prevalece é uma outra coisa, que torna a vida uma aventura. Uma certeza agora não deixa prevalecer o problema. Uma reviravolta. Uma nova humanidade que acontece.
Eu tenho que verificar a minha fé. Cristo não quer entrar pela porta dos fundos. Ele quer entrar pela porta principal sempre. Dom Giussani cita Mário Vitorini: “Quando descobri Cristo, me descobri homem.” Acontece na experiência. Ele tem que se apresentar perante o tribunal. O ápice dessa verificação é uma familiaridade com o Mistério. Como o 10º Leproso. É o relacionamento com Ele. Começar a perceber que o relacionamento com Ele é a coisa mais querida, mais desejada.
Para nós foi uma grande ocasião para nos darmos conta da ternura do Mistério que nos alcança hoje, e de uma gratidão e amor por Dom Giussani que nos educa continuamente a olhar para a nossa humanidade necessitada dessa Presença.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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