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OS FATOS

Instantes de eternidade

por Isabella S. Alberto
01/09/2012 - Aprofundamento de Passos setembro: o relato das férias nacionais de CL em Angra dos Reis
O passeio de barco.
O passeio de barco.

“Um gesto assim abre o coração, a mente, a disponibilidade, a totalidade do eu. Se possível, cavalguem esta abertura do coração que fez com que vocês desejassem estar aqui. [...] Verifiquem – na experiência – a conveniência humana de se viver assim, pelo menos por uma semana. Então, vocês terão vontade de gritar: Isto é viver!” As palavras da mensagem de padre Carrón aos universitários que se dirigiam em peregrinação à Czestochowa, servem bem para descrever o ânimo dos que participaram das férias nacionais de CL. No magnífico hotel Meliá, em Angra dos Reis, 490 pessoas de todo o país se reuniram de 26 a 29 de julho. O tema proposto, seguindo a indicação de padre Julián Carrón, foi a frase de Dom Giussani: “É o tempo da pessoa”. Uma provocação a estar diante de toda a realidade, em qualquer condição, como protagonistas.
Durante as férias, cada dia trouxe uma nova surpresa. Eram 152 crianças, e elas estiveram ali presentes, participando das atividades pensadas para elas, e alegrando os momentos de convivência e a festa final. Os gestos foram conduzidos por Bracco, responsável nacional de CL, e o percurso de cada dia seguia o trabalho dos Exercícios da Fraternidade. Muitas pessoas se envolveram para a realização das férias, que além do trabalho da secretaria, contou com voluntários que se empenharam, tanto naqueles dias como nas semanas anteriores, para organizar o passeio de barco, os criativos jogos que dividiram os participantes em quatro equipes, as músicas. Cada um ofereceu o melhor de si na construção desta catedral.
Buscando entender mais o caminho de Dom Giussani, foi realizada uma apresentação sobre o poeta Leopardi, e seus Cantos. Biagio D’Angelo, professor de Literatura, leu breves trechos de suas poesias e contou como o seu encontro com o Movimento o ajudou na descoberta do coração de Leopardi, e da expressão das exigências mais profundas do homem, buscando “o mistério eterno do nosso ser”.
Dom Filippo Santoro, Arcebispo de Taranto, também esteve presente. Em janeiro ele deixou o Brasil para voltar à sua terra natal após 26 anos de missão no país. Em uma viagem rápida com uma semana intensa de trabalhos no Brasil, Dom Filippo decidiu passar um dia em Angra para rever os amigos e celebrar uma missa em memória do grande amigo, padre Massimo Cenci, falecido há poucos meses. Padre Massimo foi o missionário que levou o Movimento para Manaus no início da década de 1980, e considerado um pai para muitos que estavam ali presentes: “Somente Cristo pode permitir uma forma aguda, intransigente de fazer o anúncio da presença do Senhor, a única que salva, a única Beleza com ‘B’ maiúsculo, porém feita carne e beleza encontrada. É a beleza que não desdenha da nossa fragilidade, da nossa condição humana. Aí vemos o padre Massimo como educador à virgindade, ao casamento, à vida em todos os seus aspectos. Educador em situações difíceis como o início do Movimento. A partir da comunhão com Dom Giuliano vem o convite feito em todas as circunstâncias em todas as situações”.
A sexta-feira foi o dia do passeio de barco. A paisagem de Angra, com o mar muito azul e as montanhas que o cercam, eram um convite a arriscar-se em mais esta aventura. O dia amanheceu com muito sol e em quatro escunas todos se dirigiram mar adentro. No meio do percurso o tempo virou, o mar se agitou, e também este imprevisto foi ocasião para se dar conta de que não somos os donos da vida. “É o Senhor que cuida, e eu não garanto absolutamente nada”, afirma Mônica. “Naquele momento eu tive a consciência muito carnal de que eu sou um Tu que me fazes e a única coisa que eu tenho para ensinar para a minha filha é isso”. Em outro momento, após os jogos durante toda a manhã, quando as pessoas se atrasaram para o Ângelus antes do almoço, pois a piscina oferecia uma empolgante atividade, Bracco decidiu ir ao encontro das pessoas e rezar ali mesmo, na piscina, convidando a todos a olharem o ponto central que os unia.
Na sexta-feira à tarde, na entrada do salão as pessoas aguardavam para o início de mais uma proposta. Mas poucos sabiam a surpresa que os aguardava. Para relembrar que há exatos 50 anos Dom Giussani enviou os primeiros missionários ao Brasil, jovens de 20 anos, foi convidado para um diálogo o padre Pigi Bernareggi, que foi aluno de Dom Giussani no colégio Berchet de Milão, nos primeiros anos do Movimento. Ele esteve presente em Angra e contou sobre a aventura do início, o encontro com aquele professor de religião que “imediatamente, de forma contundente, nos soltou a sua proposta: ‘Antes de abandonarem o cristianismo vocês têm que verificar porque vocês estão fazendo isso’. Ele dizia: ‘É uma questão de lealdade’”. Aos 23 anos, Pigi, depois de pensar uma noite inteira, aceitou o convite de Giussani, durante as férias, em um momento de contemplação assistindo ao pôr do sol diante das Dolomitas. “Muitas vezes você acha que a vocação é toda uma preparação mística, uma preparação existencial, mas ali foi uma questão de segundos”. Hoje, aos 74 anos, deixou um convite aos mais novos: “não se furtem ao fascínio do destino final”.
A beleza do lugar facilitou o convite aos amigos, e para muitas pessoas as férias foram uma ocasião de encontro. Rossil convidou três amigas e uma delas, que mora no Uruguai, ao voltar para casa procurou a comunidade de CL, pois deseja “continuar essa amizade”. Silvia levou uma amiga de trinta anos, com quem estudou na faculdade e de quem se reaproximou recentemente. Ela estava preocupada com o que sua amiga, acostumada a fazer boas viagens, pensaria destes dias. Ela participou de tudo, sem reservas e na volta lhe escreveu: “Agradeço o convite. Foi tudo maravilhoso. Vi um olhar diferente entre vocês”. É o que disse Maurício na assembleia: “Nós encontramos aquilo que todos procuram”.
Na assembleia final Bracco lembrou o que nos é pedido hoje ao voltar para a casa após dias de tanta beleza: “No caminho que os Apóstolos fizeram viviam esses fragmentos, que eram instantes de eternidade. E não era sempre assim, porque eles caíam, mas nunca poderiam esquecer o que tinham vivido. E ao longo do caminho ‘acreditaram Nele, acreditaram Nele, e acreditaram Nele’. Esse é o nosso caminho. Como lembrou Pigi ‘nós existimos no instante que passa’. Estamos aqui já pensando na semana que vem, mas encontramos Alguém que nos dá uma esperança, mesmo que o futuro não seja conhecido, já carregamos uma promessa de bem e não vamos perder o que vivemos aqui”.

> Leia o testemunho de Luca Novara

> Veja a galeria de fotos:


O passeio pelas ilhas.

Na escuna.

Recreação no hotel.

Momento dos jogos.

Debaixo do "paraquedas".

Marcando pontos.

Padre Pigi (à esq) e Luca (à direita) durante o testemunho.

O Ângelus ao redor da piscina.

Dom Filippo celebra uma missa nas férias.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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