"O trabalho, expressão criativa do homem livre" foi o título e a experiência vivida no Encontros Villavicencio 2012, dias 3 e 4 de Novembro, na Câmara de Comércio desta cidade colombiana, cujo desafio era entender como uma postura adequada diante do trabalho permite que o homem enfrente as circunstâncias de uma maneira diferente, sem depender do sucesso ou fracasso, descobrindo que a humanidade floresce no trabalho quando se tem certeza do propósito que o faz viver.
Como pode um homem ser mais humano no trabalho? É possível um trabalho que nos faz plenamente realizados? Esses foram alguns dos desafios lançados Dom Oscar Urbina, Arcebispo da Diocese de Villavicencio, presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral da Evangelização da Cultura e Educação, em sua apresentação na cerimônia de abertura, onde expôs passagens da encíclica Laborem Exercens do Papa João Paulo II, refletindo sobre como uma pessoa pode mudar seu trabalho, ser mais homem, como pode ser fonte de realização e exigência de felicidade. E sobre a necessidade de lutar pela dignidade dos direitos dos trabalhador.
Dom Urbina, com sua simplicidade e espontaneidade, partilhou sua experiência de trabalhar por um Outro que o move e que o chama nos lugares mais remotos fazendo-o viajar pelo rio durante horas para visitar aqueles que têm sede de justiça e de paz. Ele finalizou dizendo que o grande desafio em Villavicencio é o mesmo para todos: "Temos que desejar, criar e construir uma nova cultura do trabalho em nossa região."
Há três anos começou em Villavicencio uma iniciativa para impulsionar a cultura regional com um pequeno grupo de amigos empresários que experimentavam o desejo de oferecer à cidade um lugar de amizade, onde se pode participar de um diálogo sobre temas que interessam o coração do homem, como a educação, a cultura, a família, a solidariedade, o bem comum, entre outros. Esse grupo observou com espanto a atual crise econômica que assola a Europa e se perguntou: "O que a crise econômica mundial traz de grandes mudanças econômicas em nossa região? O que as crises têm em comum?".
O significado do trabalho
Partindo dessas inquietações foram a fundo na realidade e surgiu a exposição "O trabalho e o ideal: A Torre de Giotto", apresentada pelo padre Giovanni Paccosi, coordenador do Departamento de Antropologia e Teologia Veja Sapientiae da Universidade Católica do Peru. Quem participou da mostra pode contemplar a beleza e o valor extraordinário das esculturas da Catedral de Florença, Itália, transportando-nos para a Idade Média, onde o conceito cristão de trabalho (“como uma atividade divina concluindo a atividade criadora de Deus”) torna-se o caminho normal pelo qual o homem age na realidade, isso graças ao trabalho diário dos monges, seu amor pelo trabalho e acima de tudo pela vida."
Após sua apresentação, ficou claro que não basta trabalhar por um salário, mas por algo maior, que o juízo não era acabar o mais rápido possível, mas fazê-lo bem. A importância do espaço em que se trabalha como um espelho do valor de como você faz e por que você vive. O desafio de levar ao homem a dignidade do Criador à Sua imagem, o trabalho como a forma do homem de continuar a obra de Deus, buscando sempre a beleza naquilo que é feito para o bem comum.
Seu trabalho é um obra
A Idade Média não existiu na América Latina, mas com o descobrimento muitas das tradições deste período foram desenvolvidas na região pelos jesuítas que vieram para evangelizar. Por isso, o fórum "O seu trabalho é uma obra" baseou-se na urgência de compreender o trabalho não como uma atividade de escravos, mas como expressão da atividade criadora do homem livre. Na participação de Soraya Yunda, artista e autora do documentário “Villavicencio ou Céu” e Pedro Nel Suarez mostraram como esse significado era evidente.
Outro exemplo de trabalho foi a "A construção do monumento ao Cristo Rei, em Villavicencio", descrito por Oscar Pabon, comunicador social e pesquisador da história e cultura regional. Os habitantes de Villavicencio participaram de um trabalho comunitário entre 1948 e 1949, motivados pela violência na Colômbia e incentivados pelo padre Achury Eliseu, que foi pastor do município, com o objetivo de trazer paz para a região.
Testemunhas e protagonistas
Nesta terceira edição o Encontros Villavicencio 2012 foi proposto no âmbito do Festival de Cultura e Família, onde os participantes desfrutaram de momentos de recreação, educação e cultura.
O grupo de dança da Casa de Cultura da Meta Cumaral, nos ensinou que devemos continuar a aprender e persistir. Como nos ensinou uma criança de apenas 4 anos que arriscou alguns passos de dança, mostrando que você aprende olhando um outro assim como também acontece no seguir a Cristo através de uma obra. Renata na mostra paralela "The Adventure Begins" que fez parte da programação, diz: "Eu aprendi que, para construir uma grande obra é necessário o apoio de muita gente, sós não podemos”.
Mantendo o ritmo com a liberdade que só a música proporciona, encerramos o encontro com grande emoção e lágrimas de alegria. A festa culminou com a apresentação do tenor William Brown e sua família que apresentaram o recital "O Canto no trabalho e o trabalho do canto”, o mesmo apresentado ao Papa.
O Encontros Villavicencio foi de todos. Foi fruto do trabalho de 120 voluntários de Bogotá, Cartagena, Cartago, Manizales, Medellín, Peru, Itália e Portugal, que foram responsáveis pela montagem, operação e desmontagem da festa e um testemunho vivo de como a gratuidade é um valor possível e hoje podemos comprovar: "a beleza das pessoas que oferecem o seu trabalho livremente, a fim de experimentar a verdade e testemunhá-la". Para Camila Leyton: "Este trabalho que me foi oferecido foi feito para que eu encontrasse minha vocação, mas também para aprender a fazer o meu trabalho mais paixão e por um ideal".
Como conclusão, Melquisedeque Melco Valero, presidente da Fundação Encontros, se dirigiu a todos, ressaltando mais uma vez que "a amizade cresce quando nos envolvemos, e à medida que aderimos a uma obra, pertencemos mais. Podemos melhorar mas o importante é que estamos crescendo juntos, somos um povo que caminha e é isso que importa". Sandra Valero, sua filha e diretora-executiva da Fundação Encontros, acrescenta: "A nossa catedral é o Encontros Villavicencio e não nos preocupamos se somos muitos ou poucos, o essencial que nós tenhamos nossa consistência Nele que constrói e faz tudo isso que permanece no tempo para contemplarmos a beleza da criação. "
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón