Vai para os conteúdos

OS FATOS

Uma Igreja que testemunha o que vive

15/02/2014 - A saudação de padre Carrón e as palavras do Cardeal Angelo Scola no fim da celebração pelos 9 anos de falecimento de Dom Giussani realizada em Milão, 11 de fevereiro de 2014
Julián Carrón e Angelo Scola.
Julián Carrón e Angelo Scola.

Saudação final de Julián Carrón ao cardeal Angelo Scola

Eminência Reverendíssima,

Desejo agradecê-lo em meu nome e em nome de todos os amigos de Comunhão e Libertação aqui presentes e unidos a nós em todo o mundo, por haver compartilhado este gesto de reconhecimento e de louvor ao Senhor pelo dom da vida de Dom Giussani, pelos sessenta anos do início do Movimento e pelo aniversário do reconhecimento pontifício da Fraternidade de Comunhão e Libertação.

Em sua Carta Pastoral, O Campo é o Mundo, o senhor apontou para o essencial do nosso caminho de cristãos, recordando-nos com o papa Francisco que “a fé cristã nasce do encontro com o Deus vivente que vem antes de qualquer inciativa nossa, porque nos chama à vida e nos doa o seu amor... Toda a vida do homem tem a inclinação a responder ao chamado de Deus porque é, em si mesma, vocação”. (O Campo é o Mundo 3, p. 25). Pedimos a Deus para sermos fiéis à nossa vocação, na redescoberta contínua da novidade do carisma de Dom Giussani que nos testemunhou com toda a sua vida que “a maior alegria da vida do homem é sentir Jesus Cristo vivo e palpitante na carne do próprio pensamento e do próprio coração”.

Essa consciência não está, em nós, totalmente obscurecida pela consciência dos nossos limites e dos nossos pecados, ao contrário, torna-se urgência e grito de conversão, porque sabemos, exatamente pela graça do encontro com Cristo, que “podemos encontrar tudo e todos, somos enviados a tudo e a todos” (O Campo..., p. 37).

Por isso, renovo diante do senhor, a entrega e a disponibilidade total das nossas vidas em segui-lo e colaborar com o senhor, segundo as nossas possibilidades, no testemunho cheio de paixão nas circunstâncias cotidianas e nos âmbitos em que se joga a vida comum dos nossos irmãos homens, “através do anúncio explícito da beleza, da bondade e da verdade de Jesus Cristo” que corresponde “ao humano desejo de plenitude” (O Campo..., p. 45).

Obrigado Eminência!


As palavras do Cardeal Angelo Scola no fim da celebração

Também em nome do Conselho Episcopal, aqui bem representado esta noite, agradeço a padre Julián e, através dele, a todos vocês pela vida de fé que, não obstante os limites humanos, procuram levar em benefício da Igreja ambrosiana, de toda a Igreja e de toda a realidade humana, social e civil na qual vocês estão capilarmente imersos.

A força do carisma do Servo de Deus Monsenhor Luigi Giussani pode ser vista, eu diria, mais hoje do que quando ele começou, há sessenta anos. O seu início foi como uma premonição daquilo que a Santa Igreja necessitaria, nas suas mil tramas de dons hierárquicos e carismáticos, neste tempo atual de passagem tormentosa ao novo milênio: a paixão educativa.

Como é possível responder ao anseio fascinado e confuso do homem pós-moderno se não educando homens e mulheres, desde a primeira infância, a acolher o Mistério que nos abraça e ao dom total de si? Há uma confusão em relação aos fundamentos da vida: o que é a diferença sexual, o que é o amor, o que quer dizer procriar e educar, por que é preciso trabalhar, por que uma sociedade civil pode ser mais rica do que uma sociedade monolítica, como poder encontrar-se reciprocamente para edificar comunhão efetiva em todas as comunidades cristãs e uma vida boa na sociedade civil; como renovar o sistema financeiro e a economia, como olhar para as fragilidades da doença e da morte, a fragilidade moral, como buscar a justiça, como compartilhar descobrindo incessantemente a necessidade dos pobres? Tudo isso deve ser reescrito nos nossos tempos, repensado e, por isso, revivido. O gênio pedagógico de Monsenhor Giussani encontra aqui, sem jamais tê-lo perdido, um âmbito novo. De quê? De testemunho e de relato. Não se pode mais separar essas duas palavras, é necessário viver aquilo que se pretende relatar. E aquilo que não é comunicado, não é inteiramente compreendido; e se não é compreendido, é porque não é adequadamente vivido.

O homem de hoje busca, busca mesmo quando se rebela com Deus, busca mesmo quando não ama a Igreja de Deus, quando não ama os homens da Igreja, busca incessantemente e ansiosamente. Quem encontra? Encontram, os cristãos na nossa bela Igreja ambrosiana, pluriforme na unidade, rica de muitos dons; encontram, os homens de comunhão, que acolhem-se mutuamente, em escuta recíproca, que tendem a dar a própria existência pelo bem supremo da existência mesma, que é Jesus Cristo. Portanto, testemunho e comunicação pública daquilo que se vive.

Deixo aqui a minha gratidão por todos aqueles entre vocês que passaram para a outra margem este ano, muitos dos quais deixaram um testemunho formidável de como é belo viver até que o Pai não nos chama, e de como é ainda mais belo – mesmo que não consigamos pensar nisso, tanto somos apegados a nós mesmos, aos bens deste mundo – o rosto que, através de Jesus, no Paraíso, poderemos pelo menos perscrutar.

Confiemos todas essas intenções à Virgem de Lourdes, sigamos Nossa Senhora. Recomendo a missa cotidiana o máximo possível e a reza do terço: são condições que não devem ser colocadas de lado por nenhum ritmo intenso de vida; não há justificação para colocar de lado os gestos constitutivos que respondem ao nosso coração, não há justificação para não dar cotidianamente espaço eucarístico a Deus. Confiamos a Nossa Senhora tudo o que preme em nosso coração neste momento, as coisas boas e menos boas. Confiamos até o pedido de resgate do nosso pecado. Entregamos ao Deus da misericórdia e do perdão as nossas fragilidades, as nossas misérias, através de nossa Mãe Santíssima. Boa caminhada.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página