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OS FATOS

“Minha escola é, antes de tudo, minha casa”

por Matteo Severgnini*
27/03/2014 - Dia 25 de fevereiro foi inaugurada a nova ala da “Luigi Giussani High School” de Kampala. Mais de mil pessoas presentes, desde as mulheres do Meeting Point de Rose até o Núncio... Para redescobrir a origem daquela obra e os frutos que estão nascendo
A <em>Luigi Giussani High School</em> de Kampala.
A Luigi Giussani High School de Kampala.

“A Luigi Giussani não é, antes de tudo, uma escola, mas a minha casa”. Com estas palavras Arnold Odong, estudante de 16 anos, começou sua apresentação no dia 25 de fevereiro de 2014, por ocasião da inauguração da nova ala escolar da “Luigi Giussani High School” de Kampala. Eram mais de mil pessoas presentes, dentre as quais o Núncio apostólico, os embaixadores americano e italiano, uma delegação alemã da Universidade católica de Eichstatt, dirigentes de bancos, representantes da Fundação AVSI e do Rotary Club, Todas elas se impressionaram com a comoção de Arnold e, por alguns instantes, todos sentiram o mesmo cheiro de casa.

Mas, como pode uma escola se tornar uma casa? O estudante continua: “Aqui me sinto em família, não venho à escola porque devo. Assim que abro os olhos, sei que algo me espera, um professor, um diretor, meus colegas de classe. Por isso, venho correndo à escola e desejo ser continuamente protagonista deste olhar de amor que nunca antes recebi em outro lugar”. Paradoxalmente, deixa a casa para voltar a casa. E Arnold compreendeu que a escola é uma família quando o diretor lhe disse “que não estava interessado em mim em nome da escola, mas que estava interessado em mim por mim mesmo. Ele me quer bem”.

Todos os presentes, que de algum modo participaram da construção dessa casa, sentem-se descritos pelas palavras do rapaz que, com um olhar intenso, como se tentasse fixar todos os mil olhares sobre ele, conclui: “Apenas descobrindo o meu valor, descobrindo a mim mesmo, posso ser verdadeiramente feliz. É isto o que estou aprendendo aqui”. Depois dessa apresentação, ressoaram as palavras do diretor que abriu os discursos: “A beleza da estrutura que estamos inaugurando seria nada sem a verdadeira beleza dos nossos alunos, dos nossos professores e dos nossos pais”.

Uma beleza tocante desde as primeiras horas da manhã, quando ainda estavam sendo terminados os últimos preparativos para a missa de abertura, celebrada pelo Núncio apostólico Michael August Blume. As intenções da celebração falam sobre as origens da escola: o aniversário de morte de Dom Giussani, os 60 anos de nascimento do movimento Comunhão e Libertação e o reconhecimento de sua Fraternidade de CL. Não poderia ser diferente: “Esta escola é fruto concreto do carisma vivo de Dom Giussani”, lembra o Núncio na homilia.

Foi comovente para todos ver, no ofertório, mais de 400 mulheres, entre mães de alunos da escola, pacientes e amigas de Rose Busingye que contribuíram em primeira pessoa para a construção do edifício com a confecção de mais de 48 mil colares que foram vendidos com a ajuda da AVSI. Elas fizeram uma procissão para doar aquele pouco, que é tudo o que têm, para demonstrar a própria gratidão: sal, ovos, sabão, verduras, abacaxis e bananas. Não cabia mais nada sobre o altar. Cada uma daquelas mulheres, ajoelhando-se para oferecer tudo o que possuem, demonstrava a verdadeira estatura e dignidade dos presentes. Uma festa sem precedentes e à qual não se podia ficar indiferente.

Ao final da missa, o tão esperado corte da fita que mostrou o novo edifício, os novos escritórios, um laboratório de química e biologia que acolherá 80 jovens, a biblioteca, o laboratório de informática, duas novas sala e, por fim, o Salão Nobre.
O núncio e o embaixador italiano, além de descobrir a placa inaugural da escola, também descerraram a imagem de Dom Giussani, colocada na entrada da escola, enquanto explicavam o significado do gráfico desenhado: uma linha horizontal da qual surgem quatro flechas e, ao centro, um grande “X” que desce sobre a linha horizontal. Não por acaso é o mesmo do logo da escola. O destino de cada um de nós se fez carne e se fez encontrável, amável e, por isso, a partir daquele momento, nada mais foi igual e é dessa originalidade absoluta que nasceu a escola.

“Tudo nasceu da paternidade que vivi com Dom Giussani”, diz Rose Busingye. “É no encontro com ele que descobri quem sou e que, em consequência, foram colocadas as primeiras pedras para a construção desta obra educativa. Sem a comoção pelo fato de que somos amados, somos feitos agora para descobrir o nosso valor, esta escola não existiria”.

Como nos escreveu padre Julián Carrón: “Foi a descoberta deste valor que fez de vocês construtores de uma escola. Por isso, lhes recomendo nunca esquecer o motivo pelo qual aceitaram sacrificar-se por esta obra: a paixão pela educação de seus filhos, tornando ‘visível o essencial’, como diz o Papa Francisco”.

A festa terminou com cantos e danças africanas. A alegria e a gratidão, estampada nos rostos dos alunos, de seus pais, dos professores e de todos os convidados mostraram que o essencial se tornou visível e investiu e preencheu os corações de todos, fazendo-nos sentir todos em casa.

*professor e coordenador da “Luigi Giussani High School”


A mensagem de padre Julián Carrón

Caríssimos amigos, a inauguração das novas instalações da Escola Luigi Giussani é sinal de uma vida que continua, cresce e se organiza para responder às novas exigências que a realidade faz emergir a cada dia.

Peço-lhes que sejam sempre conscientes de que isto não é óbvio. Em cada coisa que se faz com as pessoas está sempre presente a liberdade. Nenhuma estrutura, mecanismo ou regra são suficientes para manter viva uma experiência educativa. Toda manhã, de fato, se renova o drama do viver: com ou sem um significado, enfrentando a realidade como uma oportunidade ou como um obstáculo.

Lembro sempre com meus amigos o último encontro que tive com Rose e suas mulheres: diante de seus problemas, a primeira coisa que Rose pensou fazer foi a de oferecer-lhes os remédios. Mas, elas, depois de tomá-los por uma ou duas vezes, paravam o uso. Então, Rose teve que mudar seu modo de responder às suas necessidades e começou a fazer com que as mulheres descobrissem o valor de suas pessoas. Assim, aos poucos, descobriram uma razão para tomar os remédios: a necessidade delas, de fato, não estava reduzida à cura da doença, mas era muito mais profunda; procuravam um olhar que as tornassem conscientes do seu valor.

Foi a descoberta do próprio valor que fez com que elas construíssem uma escola. Por isso lhes recomendo nunca esquecer o motivo pelo qual aceitaram sacrificar-se por esta obra: a paixão pela educação de seus filhos, tornando ‘visível o essencial’, como diz o Papa Francisco. E o fruto da educação, de acordo com o carisma de Dom Giussani, é a geração de adultos que saibam dizer “eu” com verdade diante de qualquer circunstância, pessoas que são conscientes do valor da própria pessoa e do destino bom da própria vida. Esta é a nossa contribuição para o bem da sociedade.

Seu amigo no caminho da vida,

Julián Carrón


Milão, 24 de fevereiro de 2014


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