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OS FATOS

Taipé em três gestos : “Você-eu-comemos”

por Paolo Perego
30/04/2014 - Na comunidade asiática de CL, em Taiwan, surge a necessidade de uma companhia estável. Vem a proposta da Fraternidade e, assim, surgem laços mais fortes do que os de sangue

A foto à direita é do almoço do dia de Ano Novo de 2013, numa paróquia do distrito de Tai Shan. Foi o dia em que nasceu a Fraternidade de CL em Taipé, Taiwan. Para alguns deles, o encontro com o Movimento coincidiu com o primeiro anúncio da fé.
Padre Donato Contuzzi é o mais recente missionário da Fraternidade São Carlos Borromeu que chegou a Taiwan, em 2012. De repente, ficou evidente que, na pequena comunidade nascida naqueles anos, havia pessoas para as quais o encontro feito era a estrada de toda a vida. “Tinham decidido”. E não via isso nos discursos que faziam, pois nem ao menos conhecia a língua, mas na afeição que os movia. Um mês depois de sua chegada, ficou sozinho por duas semanas porque os padres Paolo Costa e Emanuele Angiola precisaram voltar à Itália. Na noite da partida dos dois, depois de tê-los deixado no aeroporto, pensou: “E agora, como faço? Não consigo falar e nem entender nada”. Volta para casa preocupado. Pouco depois, batem à porta. É um amigo da comunidade, Kun Li, que trabalha como motorista. Em silêncio, com três gestos, lhe diz: “você-eu-comemos”.
“Sempre pensei que ser cristão quisesse dizer ser 1%. Aqui é assim”, diz Kun Li, que hoje é da Fraternidade: “Mas, quando estive no Meeting de Rímini, na Itália, descobri que estou numa grande família e me brotou o desejo de construir a Igreja”. A mesma dedicação com a qual A-Mei e Chun-Jia, duas irmãs, cuidam da paróquia e da casa dos missionários. “Nós fazemos isso para agradecer a Deus por nos ter feito voltar para casa”.
Haviam conhecido a fé quando eram crianças, graças ao pobre pai soldado, na aldeia de Xizhou, onde se era cristão para conseguir farinha e remédios. Quando cresceram, viveram anos de distância da Igreja: A-Mei, que se casara com um taoísta, mais de trinta anos. Seus pais, então bem velhinhos, vizinhos das filhas, tiveram que ser transferidos para um subúrbio da capital e haviam sofrido muito o distanciamento e a nostalgia. Os cristãos da região lhes fizeram companhia. Quando o pai morreu, A-Mei viu chegarem todos: “Aqui nenhum estranho entra na casa do morto. E eu chorava, mas não apenas pela dor: chorava por causa da presença deles”.

“Era isso!” Hoje, A-Mei e sua irmã fazem parte da Fraternidade com outros doze amigos, entre os quais Julie, que mora longe de Taipé: se ela não pode deslocar-se, então vamos todos até ela. Parece nada, mas aqui é tudo: “As pessoas trabalham continuamente, não tem momentos livres”, conta padre Paolo que está em Taipé há mais de dez anos: “Não é normal encontrar-se para jantar, imaginem para as férias. Aqui existem os feriados públicos por cinco dias no Ano Novo. Só”. E neste ano eles passaram as férias todos juntos na montanha.
Quando os padres missionários decidiram fazer a proposta da Fraternidade aos amigos mais próximos, estavam temerosos pela reação deles, pois não queriam impor nada. Porém, a resposta os surpreendeu: “Era isso! Era o que estávamos esperando”, ouviram. “Sentiam a necessidade de algo mais definitivo”, diz padre Donato. A partir da primeira pequena chama do Movimento aparecida em Taipé, em 1995, com um casal chegado como professores na Universidade Católica Fu Jen, quase vinte anos de chegadas e partidas, novos encontros, a presença da San Carlo, surgiram duas paróquias e aconteceu a primeira viagem à Itália da comunidade taiwanesa, em 2010, o que muito contribuiu para firmar a amizade. O primeiro milagre, num lugar como este, é de verdade a familiaridade que vivenciam.
“Somos como irmãos e irmãs” diz, tímida, Mu Dan, mulher de Kun Li. Um laço mais forte do que os de sangue. Isto impressionou Emilia, 25 anos, que não está na foto porque foi ela quem a tirou: “Se encontrasse Dom Giussani hoje, beijaria suas mãos em agradecimento. Se não fosse ele, não teríamos CL. Sem CL, eu não teria sido batizada. E, sem o Batismo, não seria feliz como sou agora”. Enquanto fala, ilumina-se. Um dia, havia visto a foto de alguns companheiros de Universidade, no Facebook: estavam viajando, na Itália, em Rímini... Ficou curiosa e os procurou. Acabou indo na Escola de Comunidade. “Estes amigos eram diferentes. Eram sérios comigo e pensavam as coisas, até mesmo a afetividade, de um modo mais bonito do que aquele a que eu estava acostumada. Disse a mim mesma: aqui estamos em outro mundo”.
Há um ano, Emilia recebeu o Batismo na noite de Páscoa. Agora, convida todos os que encontra para a Escola de Comunidade. “Desejo compartilhar com todos minha alegria”. Também na família, onde não faltam problemas. “Tudo mudou porque estes amigos me diziam: ‘Rezamos por você e por sua família’. Pensava, então: se eles rezam por mim, por que não posso ser mais aberta, mais construtiva? Hoje tenho intimidade com minha família como nunca tive antes”. Desejou muito entrar para a Fraternidade: “Sinto uma responsabilidade: toda a minha vida pode contribuir com aquilo que encontrei. Sempre pensei que ser santo fosse impossível, mas, ao contrário, esse é o nosso objetivo”.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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