“Desde que estou aqui, estou redescobrindo o valor de Traces”, diz Matteo Severgnini, italiano de 33 anos, professor na “Luigi Giussani High School”, de Kampala, em Uganda, onde está vive dois anos. “Por isso decidimos imprimi-la nós mesmos”. Porque é muito importante, dizem em Uganda e Quênia.
Até abril passado, a edição da revista de CL nos países de língua inglesa era produzida na Itália e enviada ao mundo todo. Assim foi durante quinze anos: das Filipinas à Irlanda, dos Estados Unidos à Índia, a revista atingia os quatro cantos do planeta. Há pouco, depois de uma reflexão a respeito de custos, os prazos de distribuição e as novas oportunidades oferecidas pela web, ficou decidido apostar nos meios digitais. Sendo assim, desde maio, a revista em papel, na língua inglesa, não existe mais, e foi transformada num documento PDF publicado no site de Comunhão e Libertação e colocado à disposição de todos.
Entretanto, nestes últimos meses, jovens e adultos das comunidades queniana e ugandense começaram a perguntar-se como poderiam enfrentar esta “falta”: “Agora que a revista não chega mais da Itália para nós, o que fazemos? Mas, antes de tudo, que valor tem Traces para nós?”. Nos últimos treze anos, desde a primeira venda militante da revista em língua inglesa no continente negro, nunca perderam a oportunidade de encontrar as pessoas, um ou dois dias por mês, fora da igreja e nos mercados de Kampala e Nairóbi. A decisão foi unânime: “Vamos imprimi-la nós mesmos”. Eis aqui, numa foto que enviaram para a redação, as primeiras cópias saídas de uma gráfica no Quênia.
“Para nós Traces é vital”, conta ainda Matteo: “Principalmente pela possibilidade de confrontar o nosso caminho com o do Movimento. Depois, para aprofundar o juízo que guia nossa vida”. E a última razão, mas não pela importância, “a possibilidade de que a nossa experiência possa ser conhecida por todos”, como diz Marvin, um jovenzinho da “Luigi Giussani High School”.
“Se não recebemos mais a revista mensal da Itália, devemos fazer alguma coisa”, foi o pensamento de todos que se transformou nessa decisão. Na África, apenas 4% da população tem acesso à Internet, então, não bastava o site. “Era importante ter o papel para encontrar as pessoas e testemunhar aos outros aquilo que encontramos”, continua David Cheboryot que trabalha no Tangaz College, em Nairóbi. A primeira ação não demorou a chegar. Para começar, a procura de uma gráfica que fosse mais conveniente para Quênia e Uganda. Com um total de 250 cópias para Nairóbi e 400 para Kampala, e uma jornada pensada para a venda militante em Uganda. A partir do número de julho/agosto está em andamento a ideia de inserir dois artigos locais, tanto da vida da comunidade de Uganda quanto da comunidade do Quênia. Por exemplo, as férias dos colegiais e dos universitários ugandense acontecida há poucos dias. “Depois, é todo o trabalho de transporte e expedição que deve ser pensado. E – por que não? – a procura de anunciantes”, completa Matteo.
“Levamos em conta o PDF que recebemos, pois a impressão local não deve estar sempre voltada para o que acontece só no país, pois o desejo de todos é de abertura ao que acontece no mundo inteiro, é ter um horizonte mais amplo”, diz David.
“Além disso, nossos jovens querem escrever artigos para ser protagonistas do juízo que está guiando sua vida. Querem ser autores e colaboradores de Traces e não apenas vendê-la. Então, instalamos uma espécie de redação”, explica ainda Matteo.
É a mesma afeição demonstrada pelas mulheres do Meeting Point de Kampala, as “mulheres da Rose”. Todas compram a revista , quando sai, mesmo não sabendo ler: “Sabem que naquelas páginas está o segredo daquilo que originou a experiência que vivem”. Assim, chamam os filhos, alunos da “Luigi Giussani” para que sejam os leitores e, quando eles não conseguem, apelam à Rose, a coordenadora da instituição.
David e os seus amigos estão prontos para começar. Ou, melhor, já começaram: “Para escrever, devemos estar ainda mais atentos a tudo o que acontece. Não podemos perder nada. E a coisa mais bonita será compartilhar com todos as nossas descobertas”.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón