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OS FATOS

Até logo, Marcos

por Jesús Úbeda
02/03/2015
Marcos Pou Gallo.
Marcos Pou Gallo.

Em Barcelona, Marcos Pou Gallo, de 23 anos, faleceu em um acidente de moto, no dia 21 de fevereiro. Ele participava da comunidade local de Comunhão e Libertação e na missa de seu funeral, o Cardeal Martínez Sistach quis destacar na homilia a dor pela perda do mais recente seminarista.

São muitos os pensamentos e sentimentos que vão e vêm desde as dez da manhã quando me comunicaram que meu amigo Marcos faleceu em um acidente. O instinto, que é altamente condicionado pela inércia de um esquema, manifesta-se como raiva. Há catorze dias participamos juntos dos exercícios espirituais em Guadarrama; dias de intensa experiência e companhia. A notícia de que no final do exercício ele entraria para o seminário de Barcelona, me uniu mais intimamente a ele. A graça de compartilhar juntos no futuro o dom do sacerdócio alegrava meu coração como nunca. Ao acabarem os exercícios e nos despedirmos me disse: “Nunca vivi algo igual na minha vida”. Era a comunhão sacerdotal, que enchia e dava sentido a minha vida e já começava a germinar em seu coração.

Esta manhã me vinham todos esses dias como um rio impetuoso que inundava minha alma provocando um grito insistente: É um Outro que me dá a vida, aqui e agora! Uma vertigem que ainda não desapareceu de meus ossos. É um mistério como o Mistério nos alcança e nos desperta.
Um nó na garganta se formou antes de começar a Eucaristia. Toda minha vida passou rapidamente numa velocidade impressionante diante dos meus olhos, com um coro quaresmal que podia ouvir perfeitamente: Do pó viestes e ao pó voltarás! A fugacidade da vida, a dependência total e absoluta da minha vida nas mãos de Deus tem se convertido num pensamento dominante, pensamento que foi acompanhado pela chamada impetuosa para não perder um segundo da minha vida, para viver cada momento como o protagonista da história.
As imagens evangélicas sobre a necessidade de estar preparado para a vinda do Senhor têm passado uma após a outra no meu pensamento. Era um fluxo incessante de frases, personagens, atitudes... impossível de
ignorar.

E nessa descida vertiginosa, chegou o momento da consagração, onde se fez presente o sentido da vida de Marcos, da minha vida e da vida de todos os homens. Nossa vida é amada até o fim, amada por Cristo na carne frágil e ungida da Igreja. Meu coração está repleto de alegria ao ver que era o mesmo abraço que Marcos e eu estávamos recebendo nesse momento: o abraço de Cristo através da vida e carisma de Dom Giussani, principalmente hoje que lembramos o décimo aniversário da sua passagem deste mundo ao Pai. A plenitude da comunhão que Marcos já estava experimentando nesta companhia como uma promessa tornou-se evidente no instante do abraço de Cristo glorioso. Vêm-me na memória as palavras que Dom Giussani, já muito doente, falou a uma amiga e que se concretizaram hoje para Marcos: “Eu irei para o paraíso antes de você, mas quando você chegar, eu estarei lá lhe esperando e ao abrir a porta atrás dela estarei". Somente esta comunhão vivida como novidade em nossa carne mortal torna possível a certeza da esperança da vida eterna. Ele que começou em nós esta obra boa, esta experiência de correspondência na história através desta comunidade de testemunhos, Ele mesmo a levará a cumprimento (cf. Flp 1, 6).
Como Jesus diante do túmulo do amigo Lázaro, as lágrimas também correm pelo meu rosto, mas é um choro com esperança, com esperança de nos ver de novo. Até logo, Marcos!

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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