“Acolhemos este décimo aniversário com uma grande gratidão que cresce com o passar dos anos, porque quanto mais vamos em frente, mais nos damos conta do que ele nos deixou, a sua herança, porque a sua herança, o seu carisma, a sua visão, o seu olhar sobre o cristianismo se compreende melhor, quanto mais a pessoa entra e procura segui-lo, porque não se pode entender o cristianismo sem participar dele”.
Na homilia do funeral na Catedral de Milão, o então Cardeal Joseph Ratzinger ressaltou que Dom Giussani tinha testemunhado que o cristianismo “não é um sistema de dogmas, um moralismo, mas um encontro com o Senhor, um acontecimento”. Essa mensagem, que é o centro do testemunho de Dom Giussani, como continuou nesses anos?
Tentamos viver isso com a nossa fragilidade e dentro dos nossos limites, porque, para nós, não existe outra modalidade de viver o cristianismo se não aquela que ele nos testemunhou, que nos introduziu em cada fibra do ser: o cristianismo, antes de tudo, não é o repropor formal do anúncio cristão, uma série de verdades ou um moralismo, mas é um encontro com uma presença com a qual a vida entra em jogo, porque a única coisa é uma presença assim, uma presença afetivamente atraente – dizia ele – que pode realmente ganhar o coração do homem todo desejoso de felicidade, de plenitude, daquele sentido do viver, daquela intensidade do viver que somente alguém presente pode realmente tornar possível. Nenhuma doutrina, nenhuma ética pode realmente atrair a totalidade do homem como uma presença atrai.
Como sabemos, com João Paulo II e também com Bento XVI, existia uma grande afinidade, uma consonância com Dom Giussani. Para o senhor, quais são os pontos de contato mais fortes entre CL e o Papa Francisco?
Com o Papa Francisco, sentimos uma sintonia total pela sua insistência sobre o essencial, sobre o olhar para Cristo, sobre o não parar nas coisas secundárias – porque sem esse olhar para Cristo, não se entende o resto. A fé que se comunica pela atração e, portanto, esta alegria do Evangelho que é preciso testemunhar, tudo isso nos liga ao Papa Francisco. Sentimos uma sintonia total, porque o que Dom Giussani nos deixou é justamente essa modalidade do cristianismo, vivida assim, junto com o desejo missionário de sair ao encontro das pessoas. Porque, desde o início da nossa história, sempre estivemos nos ambientes, nas periferias, nas universidades, bem como no mundo do trabalho, nos subúrbios das cidades, respondendo às necessidades. Por isso, sentimos, de todos os pontos de vista, uma enorme sintonia com o Papa Francisco, a quem realmente agradecemos por este constante chamado que para nós é o chamado a nossa história.
O senhor já teve ocasião de participar de uma audiência privada com o Papa Francisco. Desta vez, há na programação um encontro da comunidade com o Papa?
Sim, ele quis nos conceder para este evento uma audiência que celebraremos na Praça São Pedro junto com ele e todo o Movimento no dia 7 de março. Estamos todos em espera, pedindo ao Senhor para preparar o nosso coração para acolhermos as indicações que ele quiser nos dar para continuarmos o nosso caminho na fidelidade e no carisma de Dom Giussani.
Entrevista publicada no site Rádiovaticana.va (22 de fevereiro de 2015).
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