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OS FATOS

Mãos, cantos, coração de um Outro

02/09/2015 - Cinco anos de caritativa celebrados com uma grande festa, para a qual se colocaram em ação jovens e adultos. Entre gratuidade e tensões, amadure a certeza do “deixar-se fazer”. Também naquele encontro imprevisto, justamente na entrada
A festa na associação <em>Par ici</em>.
A festa na associação Par ici.

Somos um grupo de amigos que fazemos a caritativa em Par ici, uma associação dedicada à educação, com objetivo de despertar o interesse cultural dos jovens que chegam de famílias com dificuldades. Em muito de nós, este ano, nasceu o desejo de contar aos outros a beleza do que estamos vivendo, assim decidimos organizar um ato público: uma grande festa para convidar nossos amigos, colegas e vizinhos.

Este desejo tem nos movido e nos mudado. Um se responsabilizou de ir à floricultura no final do dia e pedir as flores que haviam sobrado, outros foram nas lojas dos bairros pedindo presentes para que pudessem sortear em um bingo, outros preparavam centos de cupcakes, alguns ficaram responsáveis pelos cantos e de preparar um vídeo que mostraria o que fazemos durante o ano juntos com os jovens. Nós ficamos surpreendidos pela generosidade de muitas pessoas. Ficamos comovidos ao ver que o homem leva dentro de si um verdadeiro motor que o torna capaz de amar. E assim, também nós nos despertamos de maneira inesperada, nos perguntando por que temos tanto apego a essa caritativa para querer testemunhar nossa experiência diante de todos.

Queríamos que fosse uma festa “diferente”, provocados pelo que o Papa nos disse em Roma, dia 7 de março. O que quer dizer “descentrar-se” e “recolocar Cristo no centro” quando levamos cinco anos fazendo o mesmo um domingo por mês, com os mesmos amigos, com os mesmos meninos, com as mesmas ideias e iniciativas? O que fazer para que esta caritativa se transforme em um momento verdadeiramente meu, e não seja algo mecânico? O que eu quero? Quero viver perto de Cristo. Mas como posso reconhecê-Lo? Deixando-O agir, porque só Ele sabe fazer o que é melhor. A partir desta certeza, decidimos que esta jornada devia ser sua, que nós seríamos somente as mãos, os cantos, o coração e a boa vontade.

E no entanto eu, mesmo me dizendo tudo isto, estava agitada e irritada pela forma que as coisas estavam sendo feitas: “Um bingo não se faz assim! Faltam papéis para embrulhar os presentes! As flores devem ser colocadas de outro modo! Por que não testaram o vídeo? Verificaram se tudo funciona?”. Em suma, uma chata. Mas antes, que os amigos reagissem (que a maioria das vezes insistiam em me olhar com um sorriso), sentia dentro de mim uma voz que me dizia: “Deixa acontecer. Deixa Ele fazer”. E isso me tranquilizou, porque onde Cristo entrava tudo se tornava bonito, mesmo que não fosse “perfeito”. Enquanto minhas ideias “perfeitas” geravam conflitos, tensões e feridas. Porque a perfeição pode chegar a ser diabólica quando se torna o centro dos objetivos. Pelo contrário, nós tivemos alguns problemas e alguns detalhes não foram tão bem cuidados. Mas a nossa unidade, sinal de Sua presença, era belíssima e bem visível.

Logo aconteceu algo que era pequeno e ao mesmo tempo excepcional. Poderia permanecer um simples encontro entre duas pessoas, mas se transformou em um grande presente. Na manhã da festa, enquanto preparávamos a sala e o Buffet com os rapazes, uma senhora se aproximou da porta. Disse-lhe que a festa começava à tarde. Ela me respondeu que não estava ali por isso, sim para ver o lugar aonde seu filho ia quando era pequeno e participava dos escoteiros. Contou-me feliz que logo que se formou foi estudar primeiro em Londres e agora na Itália: “Deixou a igreja e está sozinho...”. Essa mulher se chama Anne e, depois de trocarmos algumas palavras, antes que ela fosse embora, disse que temos muitos amigos na Itália e que se quisesse voltar às três da tarde eu lhe daria os contatos. Deixei o meu telefone caso ela não conseguisse voltar. As 14:58 estava ali, na porta, perdida entre as pessoas; pois não conhecia ninguém. Eu a acomodei junto com um casal de amigos e pedi que cuidasse dela. Então, começou a festa: apresentação do gesto, cantos e bingo, risadas e comida... Os meninos eram os garçons, com avental e bloco de notas para os pedidos: depois de um pouco de relutância, eles se lançaram e começaram a competir para servir as mesas. Em seguida, assistimos juntos ao vídeo, que comoveu a todos. Um garoto que acompanhamos disse com lágrimas em seus olhos: “Não sabia que era tão bonito o que temos feito todos estes anos”.

Ao terminar o gesto, se aproximou Anne, muito marcada pela festa: “Foi muito bonito... Quem teria imaginado? Se nesta manhã, alguém tivesse me dito que isso aconteceria, eu o teria chamado de louco. Estava muito triste... Agora tenho a impressão de que os conheço desde sempre. Eu me senti em casa. Eu quero isto para meu filho. Por favor, me dê o telefone de seus amigos na Itália”. Alguns dias depois me ligou: “Meu filho Serge conheceu um amigo seu na Itália e está contentíssimo! Ele me falou de uma Jornada de fim de ano do seu Movimento... Posso ir também?”.

Alessandra, París

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