No domingo, 18 de outubro, a comunidade de Comunhão e Libertação de Campinas/SP recebeu a visita de Marco Montrasi (Bracco), responsável nacional do Movimento. Foi realizado um dia de convivência e para a ocasião participaram os amigos de diversas cidades da região: Itupeva (Vera Bruder e Benjamim), Jundiaí (Susie, Gloria, Marcelo e Mariza), Vinhedo (Simone e esposo), Valinhos (Cesar, Bete e Mariana), Campinas (Beto, Hana, Márcia, Getulio, Fabio e a Patricia) , Americana ( Ester, Livia e Wellinton) e São Paulo (Ângela e Sérgio).
Estas pessoas se reúnem para a Escola de Comunidade aos sábados em Campinas e alguns são membros de um grupo de Fraternidade que envolve todas as cidades citadas acima, mais São Sebastião do Paraíso/MG (Vera Maria), Lauro Muller/SC ( Suzamara) e Parintins/MA (Jackiney). Muitas vezes o encontro acontece pelos emails trocados, nos momentos que se encontram nos retiros, quando participam das férias do Movimento e pela regra de oração que consiste no Ângelus, diariamente, pela vocação de cada um do grupo.
Para esse encontro a proposta era se reunirem e compartilhar um dia com o Bracco. Após o café da manhã cada um foi convidado a colocar como foi o encontro com o Movimento e como cada um estava vivendo neste período. Após este momento foi realizado o almoço e terminaram o mesmo com as músicas Anunciação e Povera você e um pedido que o Espírito Santo os ajude a viver o carisma apresentado por Dom Giussani e que Dom Giussani cuide de seus filhos dispersos.
A seguir, trechos de algumas colocações:
Eu encontrei o Movimento na faculdade, quando uma pergunta me corroia: para que serve o sofrimento? Qual seu significado? Com esta pergunta, encontrei o Movimento fazendo caritativa na Zona Norte de São Paulo em um terreno que havia sido invadido.
Moro na região de Campinas há 20 anos e a mudança em relação à comunidade de São Paulo para Campinas demorou três anos, até que começamos a participar do grupo que já existia em Campinas. Neste último mês de setembro foi tumultuado, pois estou fazendo um curso em São Paulo em que fiquei fora três dias na semana. Sendo uma correria, só pensava como sobreviveria àqueles dias. Fiquei assim vivendo só correndo por uma semana, quando fui à missa de Nossa Senhora das Dores e o padre disse que Maria estava em pé na Cruz, perguntando se nós frente aos sofrimentos, como ficamos? De pé? Estar de pé é a estatura da nossa dignidade frente a Cruz. Coloquei-me frente a esta imagem e isso fez com que os outros dias fossem tomados por esta presença e ao final do curso estava viva. Tenho trabalhado uma pergunta há mais ou menos uns cinco anos que é: Como Deus me vê? E nos últimos tempos a pergunta mudou para: Onde vejo Deus?
Elisabete, Valinhos/SP
Surpreendentemente já se vão quase 10 anos, que conheci CL. Uma grande amiga da Renovação Carismática me falou pela primeira vez do Movimento Comunhão e Libertação. Recordo-me que nessa ocasião, expressei meu aborrecimento, dizendo que ela estaria ficando doida por estar me sugerindo aproximar da Teologia da Libertação (quanta ignorância!).
Mas ela logo me explicou que não se tratava disto, me sugeriu também que procurasse junto a Arquidiocese de Campinas (onde morava ) alguma informação sobre o Movimento. Eu me animei e assim fiz. Liguei para a secretária da Arquidiocese, onde me informaram que não havia nenhum registro da existência deste Movimento dentro de Campinas.
Não desisti e fui procurar na Internet. Achei o telefone da secretaria nacional, que era em Belo Horizonte, e liguei. Assim me informei e consegui o telefone da Bete e da Stela Maris. Elas me convidaram para ir naquela semana, a uma reunião de Escola de Comunidade (EdC).
Fiquei muito perturbada com aquela reunião, não entendia nada do que estavam falando e só retornei nas semanas seguintes, por conta dessa perturbação. Pois não podia acreditar, que de fato não estava entendo nada (penso que até hoje não entendo, mas pelo menos estou mais tranquila com isto).
Muito lentamente e com aquela companhia, fui percebendo algo de diferente, interessante, pertinente, naquilo que se falava e se oferecia. Algo que começou a me interessar e me afetar seriamente. Passava os dias lendo e relendo a EdC, como uma louca. Aquilo que lia tornava o meu dia mais cheio, instigante, exigente. Havia algo que não me deixava mais sossegar. E o mais absurdamente estranho é que eu estava gostando disso.
Num determinado momento dentro desse maravilhamento, me bateu uma curiosidade absurda de conhecer, saber quem foi Dom Giussani. Eu precisava saber quem foi esse homem que me tirou o sossego, isso se tornou urgente para mim.
Naquela ocasião a EdC estava trabalhando o livro É possível viver assim? Ali mesmo Dom Giussani falava de autores de livros que o haviam impactado. Comecei a ler tudo que pude, ao menos uma obra de cada um. Quando ele falava dos lugares, das árvores que gostava, eu ia para a Internet atrás destas imagens, queria ver com os meus olhos aquilo que ele viu com os dele, encontrar o que ele encontrou.
Resultado: continuo sem sossego, mas amando muito mais o que encontrei.
Ângela, São Paulo/SP
A minha vida foi dedicada mais à área de exatas, com pouco contato com a área de humanas. Até então o trabalho preencheu a minha vida e com a proximidade da aposentadoria, possuindo temperamento passivo e isolado, achei que seria o momento de começar a dedicar à parte que faltava e pouco era desenvolvida: a espiritual e a do voluntariado – o que também aumentaria o relacionamento com pessoas.
Minha mãe no Japão seguia o xintoísmo. A família de meu pai era budista. Ao se casarem, ela com 19 e ele com 23 anos, vieram ao Brasil, como imigrantes para trabalhar na lavoura de café. Aqui, foram acolhidos por uma comunidade anglicana, no interior de São Paulo (Guaimbê), onde nasceram todos os filhos. Assim todos da família, no período anterior à 2ª. grande guerra, receberam o batismo cristão. Meus irmãos, adultos, converteram-se ao catolicismo, encantados e desejosos do modo católico do casamento; e hoje seus filhos e netos são “católicos não praticantes”.
Quanto a mim, que nasci posterior à guerra, período em que a família decidiu por permanecer em definitivo no Brasil e foi se mudando para locais mais próximos, rumo à capital, fiquei sem o batismo; e, penso também, porque não me casei não fui exposta aos mesmos questionamentos sobre constituição da família como meus irmãos. Sem religião definida, minha formação espiritual e meu contato com o sobrenatural, foi uma colcha de retalhos. Na infância, onde as crianças estavam, eu também lá estava: eventos católicos, eventos budistas, escolas dominicais locais, aulas de catecismo nas escolas públicas, visitas a locais sagrados, roda de contos populares e folclóricos que arrepiavam os cabelos. Na vida adulta, continuei a frequentar celebrações de diferentes religiões, em função social, recebendo influências aqui e ali, e frequentei seriamente a comunidade cristã Koinonia de Campinas, por cerca de um ano.
Nesta procura, comecei a frequentar a EdC, em 2002, vivenciar o método de Dom Giussani, estudando os textos na comunidade de Campinas em companhia de Bete (e Cesar), Estela (e Rinke), Nilda, (Getulio, Fabio e tantos outros); e, por provocação da Bete, um ano depois, concluí que a vida em companhia proposta era boa para a mim; e, decidi por receber o batismo, aos 55 anos.
Compreender os textos de Dom Giussani não é fácil, mas somado às participações em reuniões como esta com Cristo presente (visitas de amigos do CL de outros grupos, assembleias, encontros e retiros, ao longo do tempo), posso dizer que tenho mudado muito. Hoje, enfrento tudo com mais confiança, não tenho mais me paralisado como antes diante das dificuldades, pois sei que elas não são boas nem más, e sim, colocados a mim por Deus, para o meu desenvolvimento. Chego até a dizer (exagero à parte) que não tenho mais medos, vivendo as questões que aparecem, cada dia, cada momento.
Sou muito grata por esta companhia de CL, pois este método da Igreja de Cristo, com a presença sempre de alguém que fala de sua experiência, desperta a minha atenção, sobre uma dada questão que também é pertinente a mim em particular, o que me leva a procurar, perguntar e encontrar informações que venham a esclarecê-la.
Hana, Campinas/SP
Tento compartilhar em palavras a beleza do abraço que me alcançou. Daquele momento na sala da Puc/SP 38 anos atrás quando aquela face amiga continuamente se preocupou em me visitar na sala de aula uma densidade de vida se somou. Eu havia chegado de uma pequena cidade para estudar, nunca havia mudado de casa, os colegas mais próximos eram os mesmos do jardim da infância ao colegial. Era um ano politicamente denso e a PUC chegou a ser invadida. Eu havia recebido nos anos anteriores a influência de uma linha teológica que me sensibilizava aos pobres porém desfocava o meu eu. Somado ao contexto pessoal e político o curso que iniciei apontava apenas duas linhas possíveis para a vivência profissional o funcionalismo – positivismo ou o materialismo dialético – com bases no marxismo. O encontro com a Igreja naquela circunstância no carisma gerado por meio da pessoa de Dom Giussani abriu um horizonte absolutamente novo.
Eu tive a graça de morar próximo a Casa Cultura e Fé onde alguns amigos moravam e nos acolhiam em momentos de oração convívio escola de comunidade. Ali a minha vida era plasmada. Participava das orações das horas, da missa diária, participa de gestos e da preparação deles o sacramento da misericórdia... A partir da companhia do então padre João Carlos Petrini, hoje nosso querido Bispo, experimente a caritativa e desse gesto de gratuidade tomou forma a proposta de um campo de estágio de serviço social, o primeiro de iniciativa de alunos. Experimentávamos na vida uma alternativa as teorias propostas e por meio da amizade com Lia Sanicola pudemos reconhecer como método da condivisão.
Encontramos resistência ao reconhecimento da dignidade desse método. O que levou a momentos de sofrimento. Apenas no último ano quando sistematizamos o trabalho desenvolvido na favela por mais de dois anos por meio do TCC trabalho de conclusão de curso e obtendo nota máxima recebemos o convite para a publicação. O caminho profissional foi todo traçado pelo desdobramento da vida gerada no Movimento.
A relação com Cristo por meio dessa companhia sacramental, como bem nominou o Cesar, deu consistência e desdobrou a minha pessoa no âmbito profissional me dando uma possibilidade de encontros humanos jamais imaginados.
Sou muito, mas muito, muitíssimo grata ao Senhor por esta companhia sacramental que me abraça continuamente no meu nada e me remete para o Amor da minha vida.
Sou grata ao sim do Bracco que traz à minha pessoa a possibilidade de uma beleza e consistência ao meu relacionamento com Cristo.
Susie, Jundiaí/SP
Sou muito nova no Movimento, o que me leva a ter vários questionamentos sobre tudo que ouço e vejo como experiência das outras pessoas. Cheguei ao Movimento através de um ex-namorado. Já havia participado de uma reunião em São José do Rio Preto, há um tempo, mas confesso que não havia entendido nada. Na comunidade aqui de Campinas, com a Bete e o Cesar, me senti mais acolhida e isso me levou a voltar e assim continuo.
Estou passando por um período complicado da minha vida. Tenho 37 anos, moro sozinha há muito tempo e só dependo de mim para viver. Hoje moro em Campinas, trabalho fazendo a Gestão de um Curso Pré-vestibulinho. Nunca fui casada e não tenho filhos. Essa sou eu!
Ao ser confrontada nas Escolas de Comunidade, comecei a achar que aos meus 37 anos, fiz muito pouco por mim. Estou sempre olhando para o outro e a pergunta que me veio a cabeça foi: Por que acordo todos os dias?
Agradeço por me ouvir e obrigada por sua presença!
Patrícia, Campinas/SP
Acredito que atualmente sou a “caçulinha” do grupo, não por idade, mas por tempo de entrada no Movimento. Mas nem por isso, menos interessada em aprender e apreender os ensinamentos de Dom Giussani.
Eu já conhecia o Getúlio de outro Movimento que participamos juntos (Os Vicentinos) e por coincidência as reuniões dos vicentinos e da EdC acontecem no mesmo dia e local: a Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Campinas, mas em horários diferentes. Eu sabia que o Getúlio participava desse outro grupo (Comunhão e Libertação), mas não sabia o que era, só sabia que era um grupo fechado. Ele havia me falado que era um estudo sobre os ensinamentos de um padre italiano e me deu uma Revista Passos, que eu disse que iria ler com carinho, mas na verdade não dei muita importância, pensando ser mais um grupo religioso, dentre tantos. Não que eu não quisesse ler a revista, mas tinha tantas atividades naquele período e tanta coisa para ler, que realmente deixei de lado.
Certo sábado houve uma festinha dos Vicentinos que terminou quando estava iniciando a EdC e o Getúlio me convidou para a reunião. Fiquei até curiosa, mas delicadamente recusei o convite, pensando que ele só havia me convidado por gentileza, já que estávamos ali naquele momento.
Passado alguns dias, após outro encontro dos Vicentinos, o Getúlio me perguntou se havia lido a revista e eu para ser gentil disse; “Sim, li e achei muito interessante” (mas, na verdade, não havia lido). E para a minha surpresa, ele disse “Ah que bom que você gostou, então vou te dar outra revista”. Aí eu pensei: Meu Deus, agora eu preciso ler duas (tomara que seja realmente interessante) e era...
Quando ele me deu a segunda revista, ela veio com um livrinho azul (com os Exercícios da Fraternidade), que o Getúlio disse ser um presente pra mim e novamente me convidou para o grupo, pois já iriam começar o estudo daquele livrinho azul. Fiquei comovia com o presente (só depois que descobri que todas as revistas vinham com aquele livrinho) e decidi que iria ler o livrinho aquele dia mesmo, assim que chegasse em casa.
Ao iniciar a leitura fiquei fascinada, pois o autor falava do cristianismo com uma profundidade que eu nunca tinha visto ou ouvido ninguém falar. Cabe explicar aqui que venho de uma família de tradição católica, e que, por conhecer um Seminário da Congregação dos Estigmatinos, conheço vários padres e também diocesanos, já participei de retiros religiosos, já li vários livros, mas realmente nunca havia lido ou ouvido algo que fale sobre a nossa relação com Jesus de forma tão profunda e questionadora, que te leva a pensar e refletir sobre toda a tua vida e a tua fé.
E aqui estou eu, fascinada, querendo saber mais e mais, querendo viver esse encontro com Dom Giussani, ou melhor, com Jesus, através do pensamento e dos ensinamentos de Dom Giussani, e me sinto feliz e privilegiada por pertencer a esse grupo, embora esteja ainda engatinhando no Movimento.
Finalizo dizendo que penso que Deus prepara o local e o momento para nos chamar de forma mais concreta e acho que o Getúlio e o livrinho azul foram as ferramentas que Ele usou no momento certo.
Márcia, Campinas/SP
Deus nos dá o tempo, uns por formação de berço, outros por formação da vida, encontramos o amor de Cristo dentro da igreja em tempos distintos...
Para mim, a igreja sempre foi como um colo de mãe que eu poderia sempre voltar porque, apesar de batizada e crismada, minha mãe (principalmente) que desejou os sacramentos para nós não era católica. Mas imagino que por nos desejar este caminho sempre soube ser a igreja nosso porto seguro.
Então, posso refazer a frase que uma vez tendo experimentado o que eu considero primeira experiência (método/convite...) do Movimento que é conseguir ver Cristo num rosto amigo, em uma companhia, mesmo não tendo caminhado com esta companhia por um tempo, este convite aberto nunca mais saiu de dentro de mim, e agora volto com o meu sim. Eu pertenço a igreja, ao movimento, eu desejo ler e aprender mais e quem sabe estudar sobre as flores que Dom Giussani consideravam tão belas...
Obrigada pela paciência com as ausências Cesar e Bete, obrigada por abrir as portas da sua casa Ana.
Obrigada, rostos antigos e novos por um dia inesquecível, belo, por ser sublime como uma manhã de domingo.
Simone, Vinhedo/SP
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón