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OS FATOS

Obrigado, porque vocês são parte da minha vida

04/12/2015 - Sergey, 17 anos, ucraniano de Kar’kov, escreve aos seus amigos depois da Jornada de início na Ucrânia. Uma consciência nova do próprio pertencer ao Movimento. “Até ontem eu sentia que na comunidade eu era supérfluo, ao invés hoje...”
A comunidade reunida para a Jornada de Início na Ucrânia
A comunidade reunida para a Jornada de Início na Ucrânia

De fato já faz um bom tempo que penso no que eu estou fazendo no meio de vocês, no modo como eu vim parar nesta comunidade e no que eu espero de tudo isto que está acontecendo. E também desta vez, mesmo até o último dia de nossa convivência de três dias de início de ano em Kar’kov, eu continuei a sentir que, como antes, na comunidade, no meio de vocês, eu era supérfluo.

A minha vida – bem como a vida de qualquer um, creio – é feita de subidas e de quedas, mas a mim parece que justamente as quedas ocupam a maior parte de meu tempo porque, de fato, também nos períodos em que caminho, eu passo o tempo tentando entender quais são as causas de minhas quedas.

Decidi escrever esta carta porque agora acredito poder fazê-lo; quero simplesmente responder a algumas perguntas nas quais penso há tanto tempo. São perguntas que ainda carrego e que não me deixam tranquilo nem mesmo agora.
Por que eu estou aqui? Como cheguei aqui? Poderia responder que eu me encontro no meio de vocês simplesmente porque sou o filho de Filonenko… Mas a mim parece que não é exatamente assim. Ou seja: eu não acho ter entrado na comunidade por isto, mas pelo fato de que eu tive a possibilidade de estar aí, de estar presente no momento em que a comunidade se formava ou, melhor, durante todo o tempo em que crescia. É neste sentido que eu digo que para mim a razão de minha presença na comunidade não coincide só com a minha família: eu acho que, se estou aqui agora, é porque estive com vocês desde o início de nossa amizade. Digamos que para mim houve como que uma adoção inconsciente, um meu gradual acolhimento da comunidade: eu, devagarinho, fui aceitando aquela amizade que via crescer entre as pessoas ao meu redor. E foi um meu gradual decidir, deixar entrar a comunidade como parte mesmo de minha vida.

Mas desta vez há algo “estranho”, “diferente” do sólito. O que? Já o fato de que eu esteja escrevendo esta carta diz exatamente que me aconteceu algo “estranho” porque, como disse antes, eu, mesmo até o fim da convivência de três dias (ou seja, até quando acompanhei à estação o último grupo de hóspedes) não tinha de maneira nenhuma a certeza de que a minha presença na comunidade fosse importante.
Dei-me conta de que coisa estava em jogo para mim, só enquanto os dias passavam e ao final cheguei a entender que o sentido de distância que eu provava dependia de verdade do meu estar longe dos outros, mas tinha sido exatamente isso que me fez sentir que estava tendo trato com uma presença verdadeira. Isto é: eu participava dos encontros e falava com as pessoas também antes, mas na realidade pulava a maior parte dos momentos mais importantes e, por isto, gerava-se em mim ao final a impressão de uma plenitude só efêmera, falsa.

Já desta vez (e me aconteceu graças a Luigi, para dizer a verdade, ainda que ele não saiba) eu fiz um caminho completamente diverso: fiquei com vocês durante todos os três dias, afastei-me só uma vez por 60 minutos, para dar uma chegada à casa. E foi exatamente isto que me permitiu sentir tudo o que estava acontecendo entre nós: senti a amizade, assim como a tinha sentido no Meeting deste ano, só que ali havia feito experiência disso trabalhando no restaurante, ao passo que agora faço experiência disso aqui no meio de nós.

O que eu espero de tudo o que está acontecendo? Como escrevi antes, na minha vida há sobretudo períodos de quedas e me parece que isto depende do fato de que no meio das pessoas com as quais eu estou, com as quais estudo todo dia, não consigo encontrar ninguém com quem seja possível viver uma amizade como a que tenho com vocês, ninguém com quem possamos ser amigos assim. Para mim os momentos de nossos encontros são um tempo em que eu deixo de pensar no que não vai bem em mim ou nos outros para tomar parte, simplesmente, ao acontecimento que nos acontece. E assim começo a vivê-lo: quando escuto os testemunhos e colocações dos outros, descubro e reconheço questões e problemas de que faço experiência também eu na minha vida normal de todos os dias, quando não estamos juntos. E por isto depois eu procuro encontrar o modo de recriar ao meu redor o espírito de nossa comunidade, de nossos encontros, na minha vida quotidiana.

Se alguém me pergunta: “Você na sua vida está feliz?”, eu respondo sim (uma vez me ocorreu que um cara me perguntou isso num túnel subterrâneo tentando vender-me um livro sobre o karma). E é verdade que é assim, porque quando alguém me pergunta isso na cara, eu me dou conta de ser feliz de verdade, de ser contente com minha vida. Mas, infelizmente, me acontece também bastante frequente que esta consciência da felicidade se reduz somente come um pano de fundo, tanto que às vezes não consigo mais ver a beleza à minha volta.

Eis por que os nossos encontros são também, em certo sentido, uma tentativa que eu faço de conquistar para mim aquela condição de felicidade da alma que provo ali com vocês: a minha tentativa é a de tornar minha a felicidade que existe entre nós, de podê-la viver na vida quotidiana quando cada um de nós faz aquilo que deve fazer.

Desta vez eu sou feliz de verdade, não me resta senão tentar guardar esta felicidade o mais longamente possível.
Agradeço-lhes muitíssimo: obrigado porque vocês estão na minha vida.
Sergey, Kar’kov

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