No templo budista de Long-shan em Taipei (Taiwan), depois da oração e dos ritos, se a deusa da misericórdia aceitou atendê-lo, você o compreende pela posição de dois pauzinhos vermelhos que você lançou ao chão. Nessa altura você lhe dirige a sua súplica, pesca um número dentro de uma cesta e vai abrir a gaveta correspondente. Aí você encontra um bilhete com a resposta ao seu pedido. Também na Universidade Católica FuJen você encontra um gaveteiro, na entrada de uma mostra. Mas em vez de respostas, nos bilhetinhos estava escrito: “desejo”, “solidão”, “tristeza”, “vida”. São as palavras que introduzem a exposição sobre O senso religioso.
De fato, no dia 5 de março passado, a Universidade hospedou “O eco do mundo. A nota constante de uma sede de felicidade”, uma inteira jornada de trabalho sobre a nova tradução em chinês do texto de Dom Luigi Giussani, fundador de CL, exatamente cinquenta anos após a primeira edição italiana. Quase todos os jovens que atuam como guias na exposição não são cristãos. Alguns iniciaram a catequese. “Todos vêm à reunião semanal e é por gratidão pelo encontro com o Movimento que se lançaram nesta iniciativa”, conta o padre Donato Contuzzi, um dos três sacerdotes da Fraternidade São Carlos que vivem e trabalham nas paróquias de São Francisco Xavier em Tai Shan e de São Paulo em Xin Zhuang (New Taipei City). “A mostra apresenta todo o percurso do livro e, guiando também seus colegas, os jovens entendem sempre mais o texto. Além disso, há tantos elementos da cultura oriental (o gaveteiro, por exemplo) para ajudar a se aproximar de uma proposta como a de O senso religioso”.
Uma jornada intensa, o dia 5 de março: pela manhã, encontro de lançamento com Wang ZhenXin, professora de FuJen, e Li JiaTong, escritor católico e professor universitário. Os visitantes, vindos especialmente da Itália, são o Arcebispo Hon Tai Fai, secretário da Congregação para a Evangelização dos povos, e o padre Stefano Alberto, docente de Teologia na Universidade Católica de Milão. De tarde, duas oficinas; uma na qual os jovens contam sobre a caritativa que fazem em um asilo e uma outra sobre o tema da educação, ambas seguidas por um momento de partilha, de assembleia e confronto com os participantes. Por fim, a projeção do vídeo Vidas extraordinárias (documentário sobre Giussani) e a missa pelo aniversário da Fraternidade de CL e da morte de Dom Giussani.
Ao relacionamento entre o homem de hoje e o divino é dedicada a intervenção de Dom Hon Tai Fai: é como um grande cientista que se encontra em um belo jardim e quer entender quem é o jardineiro. É “a razão” a grande protagonista, como O senso religioso ensina, mas não é fácil comunicar o encontro com Cristo em um mundo e em uma cultura tão diferentes. “Alguma coisa que aconteceu e que nos faz apaixonar uns pelos outro, pela pessoa: isto supera todas as diferenças”, diz padre Donato, surpreendido pelo fato de que muitos em FuJen tenham percebido a novidade: “Que a nossa proposta é uma vida, uma amizade”.
“Este livro representa a história de meu encontro com estes cristãos”, conta a professora Zhen Xin Wang. Em 2005, depois de dez anos de fé budista, tornou-se católica. “Na época eu estava ainda procurando uma paróquia na qual eu pudesse dar repouso ao meu coração”. Depois, certo dia, vê uma porta vermelha atrás de uma bancada do mercado. É a entrada da igreja de São Francisco Xavier. O encontro com CL inicia ali, mas “a vida para mim é realmente como a descreve Thomas Mann: Tal como acontece a quem, caminhando pelas margens do Mar do Norte, não encontra nunca termo para o seu caminho, porque atrás de todo arenoso cenário de dunas às quais queria chegar, outras amplas extensões o atraem mais adiante em direção a outras dunas”.
Professores, estudantes, sacerdotes, famílias com as crianças: no total, estão presentes cerca de 120 pessoas no evento. Também Rebecca. Taiwanesa, de família taoista, quando pequena perguntava frequentemente o porquê de tantos ritos: “É o que faziam os nossos antepassados”, era a resposta da mãe. Os anos se passaram, mas aquelas perguntas não foram embora. Tenta procurar alguma resposta no Google, e digitando “cristianismo” encontra alguma coisa sobre os protestantes. Um dia, passa em frente a uma igreja católica. Do lado de fora uma cruz branca e uma papeleta: “Morada do Senhor do Céu”. O “chefe” é Jesus tal como para os protestantes, mas com algo de diferente.
É ali que Rebecca conhece o padre Giovanni, sacerdote italiano que mora em Taiwan há muitos anos. Com ele inicia a catequese que a leva ao Batismo. Mas alguma coisa ainda não está bem e diz ao sacerdote: “Falta-me alguém com quem possa compartilhar a vida cristã. Necessito de uma comunidade”. Ele lhe diz que procure o pessoal de CL e sempre procurando Google é levada ao blog de “CL Taiwan”, no qual se fala de Dom Giussani e de O senso religioso. Compra o livro e o lê. Depois, descobre a notícia da jornada na FuJen. E vai... “Nem que fosse só para ela, valia a pena organizar tudo isto”, diz padre Donato.
“Não se preocupem”, tranquiliza o padre Stefano Alberto no encontro de lançamento: depois de trinta anos, “eu também ainda não cheguei a entender por completo O senso religioso, porque é um caminho que vai muito para a profundidade”. E qualquer um pode empreendê-lo.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón