Um dos maiores compositores da música popular brasileira, Cartola tornou-se uma lenda do samba. Suas letras são uma síntese da sensibilidade humana tocada pela beleza, com um olhar que transforma e descreve nossos sentimentos em imagens que ganham vida em suas canções. No último domingo, dia 13 de fevereiro, a Associação Estudo e Trabalho, que desenvolve um projeto de complementação escolar com jovens carentes em São Paulo, promoveu um sarau que homenageou este grande mestre. Embalados pela voz de Toninho, apaixonado por samba, e o violão de Ney Vasconcelos, músico da Osesp, em torno de 50 pessoas conheceram algumas músicas e um pouco da história de Cartola.
Nascido em 1908 como Angenor de Oliveira, mudou-se ainda pequeno para o morro da Mangueira, onde começava a despontar uma pequena favela. Foi lá que fez amizade com Carlos Cachaça e outros sambistas, se iniciando no mundo da malandragem e do samba. Arranjou emprego de servente de obra, e passou a usar um chapéu para se proteger do cimento que caía de cima. Era um chapéu-coco, mas o apelido Cartola pegou assim mesmo. Com seus amigos do morro criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Estação Primeira de Mangueira, a verde-rosa, nome e cores escolhidos por Cartola, que compôs também o primeiro samba, "Chega de Demanda".
Em muitos sambas traduz o amor e o fascínio que um lugar, uma Escola de Samba – no caso a Mangueira – exerce sobre uma pessoa. É um senso de pertença, ao qual ele dedicou toda a sua vida, e mostra a abertura diante da realidade que é maior do que ele. Em meados dos anos 60 casa-se com sua terceira mulher e companheira de toda a vida, Dona Zica. Em 1964 Cartola e a esposa abriram um bar-restaurante-casa de espetáculos na rua da Carioca, o Zicartola, que promovia shows de samba e boa comida, reunindo no mesmo lugar a juventude bronzeada da Zona Sul carioca e os sambistas do morro. O Zicartola fechou as portas algum tempo depois, e o compositor continuou com seu emprego público e compondo seus sambas.
Em 1974 gravou o primeiro de seus quatro discos solo, e sua carreira tomou impulso de novo com clássicos instantâneos como "As Rosas Não Falam", "O Mundo É um Moinho", "Acontece", "O Sol Nascerá" (com Elton Medeiros), "Quem Me Vê Sorrindo" (com Carlos Cachaça), "Cordas de Aço" e "Alegria". Ainda nos anos 70 mudou-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, onde morou até sua morte em novembro de 1980.
Para saber mais, leia aqui o texto “Cartola: fascínio, beleza e pertença na história do samba”, de José Eduardo Ferreira Santos, que Passos publicou sobre o artista.
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