A fila já estava formada uma hora antes do evento. O auditório da livraria, em São Paulo, tinha apenas 125 lugares e os fãs mais entusiasmados de Adélia Prado não queriam perder a oportunidade de ouvir a poeta que há anos não se apresentava na cidade. O jejum foi quebrado com o lançamento do livro “A duração do dia” (Ed. Record, 2010) na noite da quarta-feira 26 de janeiro. Foram onze anos para lançar este novo livro de poesias, em que a escritora mineira, que nasceu e vive em Divinópolis, volta a expressar toda a sua simplicidade tão cativante. Adélia escreve sobre o seu dia a dia, e a poesia brota do que vê e percebe na realidade. Em uma famosa frase ela descreve: “Eu só tenho o cotidiano e o meu sentimento dele. Não sei quem tenha mais”.
Na apresentação havia muitos jovens dentre o público. A escritora fez uma breve palestra falando de seu trabalho, da vida humana e de suas crenças. Começou afirmando que “estarmos aqui é um ato de fé”. Falou da felicidade que carrega dor, perda, cruz e culpa. Para ela, ao comunicar sua experiência humana “singular, pessoal e individual” compartilha a unicidade da sua pessoa na obra e assim a torna universal. Dentre os temas abordados, Adélia falou da fome de beleza que é o homem: “Somos fome de beleza. Uma obra de arte é como uma tenda em que eu entro e isso me dá repouso”.
Na segunda parte do evento Adélia leu alguns poemas do livro em lançamento. De um modo divertido e cheio de interpretação, a poeta comoveu o público com suas palavras que como todo gênio artístico descreve melhor a nossa pessoa do que nós mesmos. “...Ao cheiro do café minhas narinas vibram, / alguém vai me chamar, / Responderei amorosa, / refeita de sono bom. / Fora que alguém me ama, / eu nada sei de mim.”
Para concluir a apresentação, respondeu algumas perguntas da platéia, expondo toda a sua religiosidade, sua “fé na pessoa histórica de Cristo, máximo de realidade encontrável que é a minha realização. É a minha busca”. E para responder a um senhor, já de cabelos brancos, que sinceramente pedia uma ajuda para entender o que é o amor, a poeta brevemente responde: “O amor é permitir que o outro exista tal como ele é”. Aplausos.
Às 21h30 quem passasse pela livraria viria uma fila enorme de pessoas em busca de um autógrafo. Uma pequena lembrança daquela amiga que tem o dom das palavras que nos leva a olhar mais além.
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