Imensas máquinas voadoras cruzam o céu, transportando centenas de passageiros; embaixo, iluminados por luz solar artificial, habitantes das metrópoles vivem em moradias subterrâneas, construídas para contornar a falta de espaço na superfície. Painéis elétricos divulgam ao redor do planeta as principais notícias do dia. O mundo está dividido em apenas três grandes blocos políticos; os países do Velho Mundo, reunidos sob um Parlamento Europeu, buscam saída para o iminente conflito com o Oriente, que se prenuncia catastrófico.
Tal é o cenário com que nos deparamos nas primeiras páginas de O Senhor do Mundo, intrigante livro de ficção científica publicado em 1907, que projeta os acontecimentos para cerca de cem anos no futuro – ou seja, para nossos dias. Trata-se de obra originalíssima, que precede em várias décadas os maiores clássicos do gênero, como o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (1931), e 1984, de George Orwell (1948), com os quais apresenta notável afinidade. Mas, além de figurar entre os precursores da ficção científica, O Senhor do Mundo também surpreende pelo fato de ter sido redigido por Robert Hugh Benson, sacerdote inglês mais conhecido no Brasil por obras espirituais e apologéticas, como A Amizade com Cristo e Paradoxos do Cristianismo, esta última já resenhada em Passos.
A bem da verdade, embora dê largas à imaginação, descrevendo com riqueza de detalhes alguns inventos revolucionários para a época, Benson é movido por outros interesses: em suas próprias palavras, a intenção da obra é apresentar o resultado trágico, mas previsível, do desenvolvimento lógico de algumas tendências culturais, religiosas e políticas profundamente anticristãs que começavam a lançar raízes na época. E o fato de que tais correntes sejam hoje ainda mais manifestas do que no momento em que o livro foi escrito só confirma o acerto de seu diagnóstico. (...)
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* O autor é professor do Centro Universitário da FEI (SP)
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