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ARTE

Stabat Mater: o luto da mãe de Deus

por Cezar dos Reis
03/04/2012 - Esta importante obra sacra teve lugar no repertório de inúmeros compositores, há vários séculos, mantendo, porém, esse mesmo título até os nossos dias
Stabat Mater, de Poulenc
Stabat Mater, de Poulenc

Prosseguindo a intenção de sugerir exemplos musicais para audição e ilustração cultural do momento que vivemos, acompanhando a Semana Santa, considero muito adequado apreciarmos a "Stabat Mater", importante obra sacra que tem lugar no repertório de inúmeros compositores, há vários séculos, mantendo, porém, esse mesmo título até nossos dias. Esclarecendo, trata-se de um poema do século XIII, de autor desconhecido, mas que alguns estudiosos atribuem a Jacopone da Todi. Inicia com a frase "Stabat Mater Dolorosa" (estava a mãe de luto... etc...). Mas é bom saber que existe também o hino: "Stabat Mater Speciosa..." (estava a mãe formosa...etc...), que é atribuído ao mesmo autor. O primeiro se refere ao sofrimento de Maria no momento em que presenciava Jesus crucificado. O outro retrata a felicidade de Maria junto ao presépio.

Como é de se prever, "Stabat Mater Dolorosa" não inspirará um clima alegre em seu desenvolvimento melódico e rítmico. Ao se meditar o texto e imaginar a situação daquela mãe, facilmente nos sensibilizamos com a clareza e profundidade daquele sofrimento. Aquele sofrimento, entretanto, não bloqueou as possibilidades de criação repletas de beleza e genialidade inspiradora em muitas frases musicais das partituras compostas por uma enorme variedade de compositores que se dedicaram a esse sério tema.

No aspecto histórico é interessante saber que esse texto já integrava a liturgia romana como uma sequência em fins do século XV, mas abolido pelo Concílio de Trento (1543 a 1563). Foi retomado em 1727, mas para empregar na Festa das Sete Dores (15 de setembro). É utilizado também como hino no Ofício da sexta-feira após o Domingo da Paixão.

Existem partituras antigas de Domenico Scarlatti, Olando de Lassus, Pergolesi, Vivaldi, Palestrina, Hristo Tsanoff, Pedro Escobar, Marc-Antoine Charpentier, enfim... uma infinidade de autores, de várias épocas.

No Brasil, a obra mais recente de que tenho notícia, musicando o "Stabat Mater" é de autoria de Amaral Vieira, fantástico compositor contemporâneo que há décadas se dedica à Música Sacra, inclusive com seu programa especializado, atualmente transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. Antônio Francisco Braga, outro brasileiro, autor de nosso Hino à Bandeira, também compôs a sua "Stabat Mater", em fins do século XIX.

Rossini, G. Verdi, Poulenc, Franz Liszt, Dvorák, são outros famosos que também musicaram esse poema, alguns com solistas e instrumental, outros com orquestra, solos e coral, outros com órgão e coro, e assim por diante.

Minha sugestão de audição para esta quinzena é o "Stabat Mater" de Dvorák, para coral, orquestra e solistas. Foi composta em 10 partes distintas. Na sexta parte canta um tenor e o coro exclusivamente masculino (Fac me vere tecum flere). Vale apreciar, assim como o coral da "Virgo Virginum Praeclara" de uma beleza contagiante; e a"Eja Mater, fons amoris". Na última parte, a décima, as quatro vozes solistas e o coro interpretam "Quando corpus murietur". São destaques que eu pessoalmente considero, mas a obra é toda bela. Triste. Mas bela. Como muitas vezes é a nossa existência.

Nos links abaixo, vocês poderão ouvir os trechos sugeridos, além da primeira parte da obra: "Stabat Mater Dolorosa". Para quem gosta do gênero é interessante conhecer várias autorias, de diferentes épocas, desse mesmo tema.

Boa audição e meditação a todos.

http://youtu.be/Qb0PcS0lwak - Stabat Mater Dolorosa

http://youtu.be/JwufT1QHJkY - Fac me ere tecum flere

http://youtu.be/xip1XLOIom8 - Virgo Virginum Praeclara

http://youtu.be/1s37qXRfaSI - Eja Mater, fons amoris

http://youtu.be/mieIozs98Ow - Quando corpus murietur

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