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ARTE

O amor de um casal transportado para a música

por Cezar dos Reis
23/05/2012 - CD ALMAMÚSICA de Francis e Olívia Hime traduz em canções a beleza de seu relacionamento conjugal com a certeza da eternidade
O casal Olívia e Francis Hime
O casal Olívia e Francis Hime

Tomar conhecimento de uma relação conjugal que, com tanta intensidade e leveza, transmite a todos a certeza de sua eternidade, é sem dúvida um presente dos céus, gratificante demais. Reconhecer esse afeto em uma carta escrita por essa esposa ao seu marido, expressando como o colorido desse Amor Eterno se envolve nas entranhas de suas vidas através da música, é como ser convidado a visitar o coração desses dois seres.

Isso não é impossível, felizmente. E essa tal carta existe. Até agradeci a Deus por tê-la lido a primeira vez, no encarte do CD "ALMAMÚSICA", que o casal Olivia e Francis Hime gravaram em 2011.

Não vou falar muito do CD pois o próprio Francis narra de forma muito pessoal, amiga, os passos que os inspiraram a montar esse trabalho. Você lê no começo, no encarte do CD e sente como se estivesse conversando com Francis, na cozinha do casal, tomando um café com eles, tranquilamente.

No entanto, o que mais me chamou à atenção nisso tudo foi sua iniciativa de gravar nesse trabalho, obras e trechos que tiveram importância para a vida do casal. Que importância? Quem conheceu o passado musical da MPB, principalmente nos anos 60, quando o jovem Francis Hime (e outros) compunham para os festivais, limitados pela repressão política, no tempo da ditadura, provavelmente esperaria reencontrar nesse CD canções de protesto e referências muitas vezes amargas desse passado. Com razão. Mas não é isso que o casal recuperou para nos mostrar. Esse é o milagre. O amor, a poesia, o romantismo, a beleza, sobreviveram ao regime, ao esvaziamento, a dor e ao próprio tempo. A prova está diante de nós, pelo gesto do casal Hime. Em outras palavras, essas são músicas que despertaram o olhar deles para a Beleza, marcando assim, momentos em suas vidas, fatos que se tornaram memória e hoje permitem que sejam resgatados para homenagear amigos, alguns que não estão mais presentes.

Nas últimas cinco décadas aconteceram coisas tão importantes, sérias, graves, decepcionantes, arrasadoras, em vários âmbitos da sociedade. Mas não há um só cisco dessa negatividade nesse "ALMAMÚSICA". As músicas escolhidas, assim como os textos, trazem emoção abundante, exalada pela sensibilidade dos poetas e compositores que um dia as escreveram, mantendo a beleza e a ternura do instante de sua criação, independentemente do que estava acontecendo ao redor.

Por exemplo, a pureza e simplicidade, ao mesmo tempo leve e profunda, como Paulo Cesar Pinheiro expõe uma experiência de paixão em "HISTÓRIA ANTIGA", é algo para nunca mais se esquecer, pois, sem precisar mencionar qualquer nome, a poesia termina deixando claro que aquele amor vivido produziu uma semente imortal, por causa de uma música. Termina assim: "Hoje a lua na calçada / É só uma velha amiga / O olhar da minha amada / Já virou história antiga / Muita vida foi passada / Mas em noite enluarada / Ainda me lembro da cantiga." A melodia é de Dori Caymmi, maravilhosa, perfeita para o texto.Foi só um exemplo. Outras relíquias vocês encontrarão ao ouvir (e ler) o CD.

Vou terminar com a mesma frase com que Olivia, se autocitando, termina sua cartinha ao marido: "não há mais palavra, não há forma ou pensamento... só música... AlmaMúsica".

Boa audição a todos.

ALMAMÚSICA
Artista: Olívia e Francis Hime
Ano: 2011
Gravadora: Biscoito Fino

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