Por volta de 1960, o Papa João Paulo II, então bispo de Cracóvia, escreveu, sob o pseudônimo de Andrzej Jawién, a peça A Loja de Ourives, uma série de monólogos sobre o amor e o casamento. Adaptado por Elísio Lopes Jr., o texto se transformou em musical e ganhou o nome de Enlace, espetáculo que estreou São Paulo no Teatro TUCA.
"A Loja do Ourives" foi escrita quando o papa tinha 40 anos e aborda o drama do amor humano entre o homem e a mulher, com os seus encantos e desencantos, união e separação, esperanças e medos. O texto recorta de forma simples, até mesmo pueril, a vida de três mulheres e suas questões em torno do matrimônio. O personagem Stanislaw, o ourives, é como um alterego do próprio autor, ao mesmo tempo o narrador, uma presença clemente e sensível às questões humanas. Nesse sentido a peça não tem conotação religiosa, mas existencial.
A trama, nesse espetáculo musical narrada em dois atos, se passa na Polônia entre 1939 e 1989 e apresenta a história de amor de três mulheres pertencentes a gerações diferentes. Teodora (Françoise Forton) vive um grande amor com Adok (Rafael Almeida) em um cenário de guerra. Ewa (Leka Begliomini), sua filha, resiste ao amor de Nikolai (Osvaldo Mil). Malina (Laila Garin), neta de Teodora, vive na década de 1980 quando o compromisso começa a se degenerar. A história é contada através do ourives e começa com um pedido de casamento e seus desdobramentos: "O amor é um dos processos do universo que conduz à síntese, une as coisas divididas, alarga e enriquece o que é estreito e limitado", declara o amante. A amada aceita e começa a pensar no casamento, não sem experimentar dentro de si o conflito entre "o desejo de felicidade e as possibilidades humanas de realizá-lo".
O segundo ato aborda o amor em crise. A esposa que exprime a amargura, o desalento e a desilusão pela perda do amor do seu marido, luta e vê seu casamento acabar deixando feridas. Surgem os filhos do primeiro casal e do segundo, que se enamoraram. Preparam-se para o casamento, mas interrogam-se sobre o seu amor e os condicionamentos que viveram os seus pais. Temem ficar presos ao seu passado, embora desejem "uma vida nova" e serem "novos seres". O drama termina com o ourives revelando aos três casais o risco que é o deixar-se "arrastar por um amor que se imagina absoluto e que não tem as dimensões do Absoluto".
Dirigido por Jô Santana, a montagem é estrelada por Françoise Forton, Luiz Guilherme, Rafael Almeida, Claudio Lins, Giselle Tigre e Leka Begliomini, entre outros atores que compõe os 27 personagens do musical.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón