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ARTE

O criativo sempre será recente

por Cezar dos Reis (*)
23/10/2012 - "Tropicália Lixo Ecológico" foi lançado recentemente por Antonio José Santana Martins, mais conhecido como Tom Zé, importante figura da Tropicália ao lado de Caetano, Gil e Rita Lee

Dessa vez teremos aqui a sugestão de um CD bem recente. Eu me refiro ao "Tropicália Lixo Ecológico", de 2012, de Antônio José Santana Martins, compositor, cantor e arranjador, conhecido por todos pelo apelido de Tom Zé. Nesse último 11 de outubro Tom Zé, o baiano de Irará, completou 76 anos de idade, e esse seu novo trabalho, produzido por Daniel Maia, teve as participações especiais de Rodrigo Amarante, Pélico, Washington e Mallu Magalhães.

Antes de mais nada é importante já ter claro que este CD pode ser adquirido por e-mail e vem com o autógrafo do autor. Os interessados podem anotar o endereço: 1bibi@uol.com.br.

Uma das características mais interessantes de Tom Zé é não ser previsível, pois sua capacidade criativa e sua sintonia com a realidade permitem que ele transite pelos mais variados ritmos, estilos, sonoridades, efeitos, influências, adaptações, com uma disponibilidade permanente em acolher linguagens de âmbito literário, artístico visuais, filosóficos, sociais, políticos, multimídia, deixando nítida aquela "porta" continuamente aberta a qualquer manifestação cultural que possa ser sugerida, não importando sua origem, influência, idade ou etnia.

Como sempre acontece, também o "Tropicália Lixo Ecológico" é temperado com misturas diferentes de ideias em cada faixa, seja pelas ironias ou brincadeiras que reforçam a importância da seriedade com que a humanidade deve tratar cada cidadão, ou pelo uso inesperado, ou diferente, de instrumentos não muito familiares aos que não conheceram a modalidade criativa de Tom Zé. O bom humor, porém, continua demonstrando usa presença de várias formas, felizmente.

Não vou comentar sobre uma ou outra faixa do CD, simplesmente porque esse é o tipo de trabalho ideal para que cada ouvinte se surpreenda a seu modo, num processo de descoberta musical que sempre irá acrescentar algo ao conhecimento de quem quer que seja, não se falando de gosto, mas de conhecimento. A certeza que posso afirmar é a de que não haverá a indiferença para essa apreciação em particular.

Situando brevemente o autor no panorama da nossa MPB, em 1968, participou do Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, conquistando os prêmios "Sabiá de Prata" e "Viola de Ouro", pela música “ São Paulo Meu Amor". Tom Zé é um dos principais artistas do movimento conhecido como Tropicália, embora menos lembrado do que Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee, Torquato Neto, etc... Nesse mesmo festival de 1968, o quarto lugar também foi conquistado por ele, em parceria com Rita Lee, na categoria "melhor letra", com a canção "2001".

Seu modo de falar, vestir, se apresentar, muitas vezes dá a impressão de uma pessoa sem muito aprofundamento cultural, o que é um grande engano. Já em 1962, Tom Zé é aprovado nos exames vestibulares da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Importante destacar que esse curso superior na época era de altíssimo nível, por causa dos professores que ali lecionavam, grandes figuras da música contemporânea no momento. Tom Zé se classificou em primeiro lugar nesse concurso e por isso obteve a bolsa de estudos.

Quem desejar conhecer um pouco mais de Tom Zé, pode fazê-lo lendo textos de seu próprio livro "TOM ZÉ TROPICALISTA LENTA LUTA", publicado em 2003, pela PubliFolha e ainda presente em algumas livrarias.

Enquanto isso, vamos ouvindo o CD "Tropicália Lixo Ecológico" e tentemos decifrar os vários sinais que são apresentados em forma de som e música. A Beleza em seu trabalho me aparece pela forma como ele trata todas as influências através de um acolhimento imediato, para que depois do contato e convivência, descubra o que foi possível ser colhido como fruto válido. Ao que parece, ele também deve ter um fascínio por alguma "beleza", pois um dos textos do referido livro tem como título: "BELEZA DEMAIS É CONTRAVENÇÃO".

Boa audição a todos.

(*) Cezar dos Reis é maestro e professor
cz.maestro@gmail.com

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