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ARTE

“Kandinsky: tudo começa num ponto”

por Caroline Baptista
23/03/2015 - A frase antológica de Kandinsky, nos conduz para além das experimentações gráficas do artista e nos transmite a essência poética que aponta essa completa trama de referências, vontades e sensações
Quadro Eclipse total.
Quadro Eclipse total.

Está em cartaz até o dia 30 de março, no Centro Cultural do Banco do Brasil do Rio de Janeiro, localizado no Centro da cidade, a exposição “Kandinsky: tudo começa num ponto”, do artista Wassily Kandinsky. Um dos mais renomados mestres da pintura moderna, pioneiro e fundador do abstracionismo, que revolucionou toda a arte do século XX, pois uma das suas principais características era quebrar paradigmas.

Nascido na cidade de Moscou, na Rússia, em 1866, ainda em sua adolescência, Kandinsky sonhava em se tornar pintor. Ele amava a pintura acima de tudo, mas achava que a arte era um luxo e não profissão, o que o levou a fazer faculdade de Economia e Direito. Para o artista, seu futuro estava decidido, mas certa manhã, ao visitar uma exposição de pintores impressionistas franceses, tudo mudou. O momento crucial para decidir trocar de carreira foi ao observar um monte de feno pintado por Monet, momento no qual entendeu que a obra de arte não precisa se resumir a imitar a natureza.

Alguns dias depois da visita à mostra, Kandinsky assistiu a uma ópera de Wagner, no Teatro Real da cidade. A música lhe fez pensar no pôr do sol de Moscou, que lhe soava como o acorde final de uma enorme orquestra. Foi então, que se deu conta de que a pintura é capaz de revelar sentimentos, assim como a música, a qual se tornou fonte de inspiração para ele. “A musica é a arte mais abstrata, você não toca, não vê, mas você sente. E nenhuma outra arte atinge tanto a gente no estado de ânimo, quanto ela. Era isso que Kandinsky queria fazer com sua arte, que ela tivesse o mesmo alcance de abstracionismo e emoções das pessoas. É como se buscasse o som colorido”, disse a guia educativa Carolina Angelici.

A exposição não traz apenas obras de Kandinsky, e a maioria das pinturas exibidas na exposição não são dele, mas têm o objetivo de mostrar as referências e raízes do pintor, por isso o nome “Tudo começa num ponto”. O artista dizia que a cor era um meio para atingir a alma, logo, usava e abusava dela, principalmente dos tons fluorescentes. Distribuídas em salas de cores neutras para realçar os diferentes tons de tinta vibrantes dos seus quadros, faz parte da mostra tudo que influenciou o artista desde a ancestralidade, contendo inclusive, peças de outras épocas. A exposição traz também vídeos contendo informações extras sobre a vida do mestre da pintura moderna.

Um fato que chama atenção é a pintura de São Jorge, que aparece muitas vezes. Segundo a guia educativa Carolina, isso acontecia porque São Jorge é venerado pelo povo Russo: “Ele é o santo padroeiro dos príncipes e sua imagem aparece no brasão e na moeda de Moscou. É visto nele um guerreiro valente, defensor das terras e protetor dos camponeses”.

Histórias e curiosidades sobre a vida de Wassily Kandinsky não faltam. Vale a pena conferir, tendo a mente aberta e um olhar além da aparência, pois o artista não queria uma pintura que fosse reprodução do real, queria que ela “falasse” dos sentimentos do pintor e que quem a olhasse também pudesse encontrar sentimentos escondidos dentro de si.

A visita à exposição pode ser feita de quarta a segunda, das 9h às 21h. A entrada é franca. Caso a pessoa se interesse, o CCBB oferece visitas guiadas, basta escolher um horário e se unir ao grupo.

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