A festa de Nossa Senhora Aparecida coincide com os 9 anos do falecimento do padre Virgilio e, na Liturgia, o Evangelho nos apresentava o primeiro milagre de Jesus nas bodas de Caná onde Jesus se apresenta como aquele que vem devolver a alegria à vida humana. Padre Virgilio era para quantos que o encontravam fonte de verdade e de alegria; o encontro com ele tocava todo tipo de pessoas das mais cultas às mais simples. Virgilio remetia à beleza da natureza, da história, da cultura popular através do encontro com Cristo.
Nesta missa lemos de novo a grande página do Apocalipse que fala de: “Uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1). Trata-se da beleza de Maria e da Igreja, presença de Cristo hoje.
Esta mesma leitura fazia parte de uma liturgia que celebrei no passado mês de agosto quando tive um encontro com os meus amigos padres, festejando 40 anos de ordenação sacerdotal. Na realidade, sendo eu um ano mais novo que meus amigos, celebrava os 39 anos de padre.
Encontramo-nos em Castelgandolfo, perto de Roma, e tivemos uma belíssima audiência com o Santo Padre. Éramos três bispos e 17 padres. Participavam também alguns colegas que tinham deixado o seminário antes da ordenação, que tinham se casado e, alguns deles, estavam com suas esposas. Celebramos uma missa perto do Lago de Albano onde comemoramos o nosso sacerdócio e a festa da padroeira, Nossa Senhora do Lago. A segunda leitura era da Mulher vestida de sol. Na homilia eu disse que “foi por causa de uma Beleza que 40 anos atrás abraçamos o sacerdócio e dissemos o nosso sim a Cristo, e por causa de sua beleza, nos entregamos totalmente a serviço da Igreja”.
Depois da missa fomos jantar, e, um dos amigos casados colocou-me a pergunta: “E nós que deixamos o seminário, que beleza encontramos?” Eu respondi: “Vocês encontraram a beleza de suas mulheres”. E ele “Mas agora que as nossas mulheres têm 60 anos, como fica esta beleza?” Tive que consolá-lo dizendo: “Se vocês, através do sim às suas mulheres, disseram sim a Cristo, esta beleza não se perdeu. De outra forma, o tempo passa inexorável para todos. Somente a beleza de Cristo permanece. Mas quando a mulher é sinal de Cristo existe algo que não passa e que, aliás, cresce com o tempo”. Entre os padres, as pessoas consagradas, e as famílias a diferença está na forma da vocação, no sinal. A virgindade pelo Reino lembra a todos o ideal pelo qual uma pessoa nasce, casa-se e vive. A proximidade da vida familiar lembra a todos e, em particular, aos dedicados a Deus, que o sim a Cristo é concreto, como a convivência cotidiana numa mesma casa.
Como padre Virgilio dizia: “Tudo é para a Glória de Cristo: seja que eu vá, seja que eu fique”. E para a beleza de Cristo, vivida também na doença, ele ofereceu toda a sua vida.
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