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Constrói-se a partir da pessoa

02/04/2014 - Num país tomado por manifestações e conflitos, o panfleto da comunidade de CL.Porque, como nos relembra o Papa, “a paz social não pode ser entendida como mera ausência de violência”, mas nos serve a decisão de cada um por cooperar com o bem comum
Confrontos nas praças na Venezuela.
Confrontos nas praças na Venezuela.

Num país tomado por manifestações e conflitos, o panfleto da comunidade de CL.Porque, como nos relembra o Papa, “a paz social não pode ser entendida como mera ausência de violência”, mas nos serve a decisão de cada um por cooperar com o bem comum

Nosso país está imerso numa profunda crise que atinge todos os venezuelanos sem distinção de classe social e posicionamento político. As quase vinte e cinco mil mortes violentas em 2013, os 56% de inflação e a carência de produtos de primeira necessidade castigam todos em igual medida. Estes foram os principais motivos por que os estudantes começaram a protestar no último dia 12 de fevereiro.

Essa crise não pode ser resolvida com a violência. Por isso, é inaceitável a repressão e a violência aos direitos humanos por parte dos órgãos de segurança do Estado, que são os primeiros responsáveis pelo dever de garantir a segurança dos cidadãos. Da mesma forma, algumas das manifestações de descontentamento contra a gestão do atual Governo transformaram-se em ações violentas e reacionárias, correndo o risco de pretender resolver tudo com saídas desesperadas e instintivas que não são viáveis.

Nossa sociedade necessita de um olhar compassivo, atento, que escute, que seja capaz de reconhecer o outro mesmo se for diferente, que valorize o outro pelo que é, e não pelo que pensa, possui ou faz. Somente Cristo pode gerar este olhar, esta humanidade nova capaz de misericórdia e de perdoar para curar as feridas.

É por isso que nós cristãos devemos partir da nossa identidade. Como disse Papa Francisco: “Cristo nos precede” (Cristo nos primerea). Por conseguinte, o critério do “fazer” provém da consciência do “ser” que introduz um critério diferente de ação, que incide sobre a dignidade e a liberdade de cada pessoa, e coloca-se a serviço do bem comum, respeitando sua dinâmica e seus tempos, encarnando, assim, na sociedade, uma presença original que nasce do encontro com Cristo e a Sua Igreja, e não da violência míope fruto da reatividade.

Nos momentos mais cruciais da história, o Senhor suscitou pessoas e carismas que puseram em evidência um método claro a ser seguido, uma proposta de vida que, com o tempo, fecundou e gerou protagonistas que, com uma consciência nova e gestos concretos, favoreceram o desenvolvimento da humanidade. Como São Bento, Dom Bosco, Dom Giussani ou Madre Teresa de Calcutá, para nomear somente alguns dentre muitos, nós somos chamados hoje a construir lugares repletos de humanidade nova, obras que sejam testemunho de caridade; a mesma que Cristo exerce em relação a nós a cada dia.

“A paz social”, afirma Papa Francisco, “não pode ser entendida como [...] mera ausência de violência obtida pela imposição de uma parte sobre as outras” (Francisco, Evangelii gaudium, 218). “Ela só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável se estiver viva, em todos, ‘a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum’ (João Paulo II, Sollicitudo rei socialis, 38)” (Francisco, Mensagem para o XLVII Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2014).

Portanto, unimo-nos a quanto disse recentemente Papa Francisco relativamente à situação do nosso país: “todo o povo venezuelano, a partir dos responsáveis políticos e institucionais, se comprometam para favorecer a reconciliação, através do perdão recíproco e de um diálogo sincero, respeitador da verdade e da justiça, capaz de enfrentar temas concretos para o bem comum” (Francisco, Audiência geral, 26 de fevereiro de 2014, Praça São Pedro).

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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