Caríssimos,
a realidade, juntamente com o coração, é a nossa grande aliada.
Aliada contra nós próprios quando nos deixamos tomar pelo nosso mau humor e pelos nossos medos.
Afortunadamente, a realidade é teimosa. E é mais real do que as nossas dúvidas.
Impõe-se aos nossos dias – qualquer que seja o nosso estado de ânimo – sem nos pedir autorização.
Vemos isso quando sentimos toda a sua atratividade deparando-nos com um rosto amado.
Por isso, negar a sua evidência é coisa de loucos. Negá-la, é como negar a nós mesmos.
Reconhecê-la é fácil. Bastaria ceder à sua atratividade, como uma criança diante do espetáculo de uma montanha. Significa que somos ingênuos? Não. Simplesmente, quer dizer que somos simples, leais com aquilo que os olhos veem.
E, no entanto, muitas vezes parece que o medo do nada nos assalta. E então? Eis que a nossa grande aliada volta a fazer-nos companhia: a realidade é o maior desmentido do nada. Existe!
Frágil? Fugaz? Efêmera? Mas existe. Sem possibilidade de apelo!
Há só um inconveniente: é preciso a liberdade para reconhecê-la. Graças a Deus! Quem de nós queria ser amado por escravos, por robôs, de forma mecânica? Eu não, nunca!
Para facilitar o seu reconhecimento, o Mistério tornou-se carne, morreu e ressuscitou por nós.
A imponência da Sua presença é tal que não deixava ninguém indiferente.
Como nos disse o Papa Francisco na Praça de São Pedro, “André, João, Simão: sentiram-se olhados profundamente, conhecidos intimamente, e isso gerou neles uma surpresa, um espanto que, imediatamente, os fez sentirem-se ligados a Ele...”
Dom Giussani recorda-nos que “o caminho do Senhor é simples como o de João e André, de Simão e Felipe, que começaram a ir atrás de Cristo: por curiosidade e desejo. Não há outro caminho, no fundo, além desta curiosidade desejosa despertada pelo pressentimento do verdadeiro”.
Só quem responde a essa curiosidade desejosa poderá descobri-lo.
Entretanto, Ele espera o nosso reconhecimento. Livre. “E quando nós chegamos, Ele já estava à espera” (Papa Francisco).
O cristianismo é uma estrada apenas para homens que não renunciam à sua razão e à sua liberdade.
Boa Páscoa, amigos.
Julián Carrón
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