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DOCUMENTOS

Mensagem para a XXXV Peregrinação a Czestochowa

31/07/2015 - A mensagem de padre Julián Carrón para os estudantes que participam da habitual peregrinação a pé de Cracóvia até Czestochowa, na Polônia, que será realizada de 6 a 11 de agosto de 2015

“A maior alegria da vida do homem é a de sentir Jesus Cristo vivo e palpitante nas carnes do próprio pensamento e do próprio coração” (Dom Giussani). Não há nada de mais desconcertante do que ver Cristo vibrar nas nossas vísceras; não como uma recordação devota, mas como uma Presença que investe a vida.

Caros amigos, indo a Czestochowa peçam a Nossa Senhora que o centro de suas vidas seja Cristo. Papa Francisco nos recorda que “a peregrinação é um símbolo da vida, nos faz pensar que a vida é caminhar, é um caminho”. E com um gesto de caridade sem limites nos adverte: “Se uma pessoa não caminha e fica parada, não serve, não faz nada. Pensem na água, quando a água não está no rio, não segue adiante, mas está parada, se corrompe. Uma alma que não caminha na vida fazendo o bem, fazendo tantas coisas que devem ser feitas para a sociedade, para a ajuda dos outros e também que não caminha pela vida buscando a Deus e que o Espírito Santo move a partir de dentro, é uma alma que acaba na mediocridade e na miséria espiritual. Por favor: não parem na vida!”.

Que dom poder caminhar sustentados por um companheiro tão confiável! Assim, vocês têm algo de verdadeiramente decisivo para pedir: que as suas vidas nunca parem, porque estão totalmente tomadas por Cristo ressuscitado. “É no mistério da ressurreição que está o cume e o ponto mais alto da intensidade da nossa autoconsciência cristã, por isso, da autoconsciência nova de mim mesmo, do modo com o qual olho para todas as pessoas e todas as coisas” (Dom Giussani), começando de mim mesmo.

Que a Sua Presença no olhar, custodiada pela memória, se torne sempre mais familiar em nós, de forma que possamos olhar para tudo com aquela presença, mesmo as nossas quedas, “todos tivemos, na vida, quedas, erros; mas, se você cometeu um erro, levante-se rápido e continue a caminhar. ‘Canta e caminha’, dizia Santo Agostinho aos seus fiéis; caminhar com a alegria e também caminhar quando o coração está triste, mas sempre caminhar. E se você tem necessidade de parar, que seja para repousar um pouco e retomar um pouco de fôlego para andar adiante em seguida. Canta e caminha! Sempre, canta e caminha! Vocês fazem esta peregrinação ‘acariciados pela misericórdia’. A misericórdia de Jesus perdoa tudo, sempre lhe espera, sempre lhe ama tanto” (Papa Francisco).

Peçam a Nossa Senhora esta familiaridade com Cristo, para testemunhar, em qualquer ambiente no qual estejam vivendo – universidade ou mundo do trabalho – a novidade que Ele introduziu na nossa vida. Mas, visto que somos frágeis e vocês podem se desencorajar ou distrair ao longo da peregrinação, o Papa nos convida a não nos assustarmos com isso, sustentados pela luz dessas palavras: “A moral cristã não é o esforço titânico, voluntarista, de quem decide ser coerente e dar conta, uma espécie de desafio solitário diante do mundo. Não. Esta não é a moral cristã, é uma outra coisa. A moral cristã é resposta, é a resposta comovida diante de uma misericórdia surpreendente, imprevisível, até mesmo ‘injusta’ segundo os critérios humanos, de Alguém que me conhece, conhece as minhas traições e me quer bem do mesmo jeito, me estima, me abraça, me chama de novo, espera em mim, espera de mim. A moral cristã não é nunca cair, mas se levantar sempre, graças à Sua mão que nos resgata”.

Quem poderia continuar a caminhar sem esta certeza? E quem poderia olhar para a própria vida com os seus pesos e com o fardo dos próprios erros sem esta certeza? Imersos neste grande Mistério, caminhar junto pode ser verdadeiramente uma graça para todos. E, no entanto, tantas vezes nós queremos ter tudo claro antes de começar, e isto nos bloqueia. Imaginem um rapaz que se apaixona por uma jovem; se dissesse “Vou ou não vou? Antes de fazer qualquer coisa, devo esclarecer as ideias, devo ficar certo...”, como poderia esperar alcançar uma certeza sobre aquele relacionamento sem se arriscar? Deve começar a dar passos; e já no primeiro instante tem a luz necessária para fazer o primeiro passo, porque aquela jovem despertou o seu interesse, com outras não lhe vem o desejo de revê-las, mas com ela sim. Então, a revê, e pensa que é muito bonito estar com ela e, assim, dá um outro passo e um outro e outro ainda. E no tempo as coisas se esclarecem. Mas, nós esquecemos que a vida é como uma semente que se desenvolve no tempo: João e André não sabiam aonde Jesus os levaria, mas não puderam resistir ao desejo de ir procurá-Lo no dia seguinte. Naquele primeiro encontro perceberam algo de excepcional, pelo qual era razoável seguir a Jesus; aderindo àquilo que haviam visto, caminhando com Ele, no tempo, tudo se esclareceu.

A cada passo em direção a Nossa Senhora Negra, no sexagésimo aniversário do início do Movimento e dez anos depois do nascimento para o Céu de Dom Giussani, peçam para vocês mesmos, para mim e para todos os nossos amigos espalhados pelo mundo, que vivam o nosso carisma segundo o que o Papa Francisco nos solicitou: como a modalidade com a qual Cristo nos convida a segui-Lo hoje, reconhecendo que Ele é o centro. Rezando pelo Papa, peçam para serem simples a ponto de segui-lo afetiva e efetivamente.

Junto com vocês no caminho,
Julián Carrón

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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