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MÚSICA

O ato de compor

por Ângela Lopes Lobo
03/04/2013 - "Assim é a minha vida! Uma correspondência ao dom que me foi dado. E se foi dado, Alguém me deu que reconheço. Foi Deus!"

Em uma conversa informal na manhã de sábado (dia 12 de janeiro de 2013) – antes de sair para comprar o pãozinho nosso de cada dia –, perguntei curiosa ao poeta cantador (por acaso, meu esposo) Chico Lobo, o que significava para ele sua música composta, horas antes, durante um raro momento (seu) de insônia.
Surpresa e encantada com que ouvi – do mesmo modo que a nossa filha de 11 anos, a Luísa que já havia manifestado a mesma curiosidade –, decidi, com muita liberdade, condividir esse singelo momento. Um fragmento, no meio do tempo, em que percebemos entre outras coisas, o que é a vocação. De fato, é um chamado (como indica o verbo na sua origem latina, “vocare” = chamar). E quem chama... É para comunicar algo... É isso que divido com vocês.

Abaixo, segue a letra da música supracitada. E, na sequência, o registro da própria percepção de Chico Lobo – a resposta dele a minha pergunta –, por estrofe (a qual numerei, para facilitar a compreensão ao que se refere), o seu significado.



QUEM TEM OLHO É REI
(Chico Lobo)

Terra de cego, quem tem olho é rei (Bis)

1
Desde menino aprendi
Que a roda que gira pra lá
Com meu trabalho e suor faço o giro mudar

2
Destino de se cumprir
No rastro de uma estrela
O barco atravessa o rio
Da margem direita a esquerda

De grão em grão encho o meu cantar (Bis)

3
Eu não nasci enquadrado
Na tela do computador
O olho no olho cativa nas tramas do amor

4
Quero a beleza da lua
Que Camus um dia almejou
Mais que migalhas no prato
Quero alegria e dor

5
Pro cantador a viola
Pro repentista a palavra
Pro grafiteiro a parede
Pro aventureiro a estrada!



Os comentários de Chico Lobo sobre os versos:

1
Os fatos, os acontecimentos, não são pré-determinados na vida. Às vezes, nas dificuldades que se apresentam, nos é dada a capacidade de mudar, de irmos a frente. Mas isso exige esse trabalho, esse suor, pois não é ficar passivo, é preciso se lançar ao desconhecido.

2
“O destino de se cumprir no rastro de uma estrela", nada mais é do que uma experiência que me faz. Que me ajuda a ir ao meu destino. Outro que me faz reconhecer o que sou. Num caminho certo. Por isso o barco atravessa o rio de uma margem à outra.

3
A modernidade, às vezes, nos esfacela. É como se eu fosse enquadrado. É o olho no olho; é o coração que me cativa, que me corresponde. O relacionamento com o outro. Isso porque a gente nasceu com esse desejo incontrolável de felicidade, de resposta. Tão grande que me faz querer a lua (assim como o Calígula do escritor, dramaturgo e filósofo Albert Camus; daí a citação do escritor...).

4
Esse desejo me faz querer a totalidade da vida, ir a fundo. Ou seja, a alegria e a dor – eu quero tudo, quero viver as circunstâncias da realidade, não quero me esconder.

5
E a vida é uma correspondência. Como a viola é para o cantador; a parede para o grafiteiro; a estrada para o aventureiro... Assim é a minha vida! Uma correspondência ao dom que me foi dado. E se foi dado, Alguém me deu (foi esse Alguém com letra maiúscula) que reconheço. Foi Deus!


Para ouvir, publiquei no youtube uma prévia inédita, dessa música. Antes mesmo de receber seu acabamento profissional. Vide o link: http://youtu.be/6Vs2NU0Hgdo

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